Sindicato denuncia uso de elétrodos de desfibrilhador fora de prazo pelos Sapadores de Lisboa



O Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP) denunciou que a maioria dos desfibrilhadores utilizados pelo Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa possui componentes com o prazo de validade expirado.
Segundo o presidente do sindicato, Sérgio Carvalho, os alertas sobre a situação têm sido feitos desde setembro, visando especificamente os elétrodos de desfibrilação, as placas adesivas essenciais para o funcionamento do Desfibrilhador Automático Externo (DAE).
A maioria destes elétrodos, adquiridos em 2023 para a Jornada Mundial da Juventude, já ultrapassou a sua validade de cerca de dois anos.
Apesar disso, uma nota interna do RSB, assinada pelo adjunto técnico do comandante, João Carolino, orienta os bombeiros a manter os equipamentos nos veículos "para utilização normal, até à normalização da situação". A comunicação interna refere que os elétrodos podem ser usados desde que passem nos testes automáticos e visuais, uma indicação que, segundo o sindicato, coloca os profissionais numa posição vulnerável. Sérgio Carvalho alerta para o risco associado, explicando que a validade está relacionada com o gel condutor dos elétrodos, que pode secar e perder aderência.
A falha só é percetível no momento da aplicação na vítima, o que "põe em causa vidas humanas".
Os bombeiros encontram-se "entre a espada e a parede", pois arriscam um processo disciplinar se se recusarem a usar o material, mas podem ser responsabilizados pelo INEM em caso de falha.
Questionado pela Lusa, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi claro ao afirmar que os componentes fora de prazo "devem ser prontamente substituídos" e que as especificações do fabricante, que proíbem o uso após a data de validade, devem ser respeitadas.
O INEM é a entidade responsável pela fiscalização destes equipamentos.
O RSB de Lisboa dispõe de 40 DAE. A nota interna do regimento menciona que foi iniciado um procedimento de aquisição, mas que se aguarda "disponibilidade de orçamento". Sérgio Carvalho critica a falta de planeamento, lembrando os alertas prévios e a existência de um protocolo com o Hospital de Santa Maria para cedência de material que não foi acionado.
Não foi indicado qualquer prazo para a substituição dos equipamentos.











