Entre a Tragédia e a Reforma: Hong Kong Vota com Baixa Participação e sem Oposição



As eleições legislativas de Hong Kong, as segundas desde a reforma eleitoral imposta por Pequim em 2021, registaram uma taxa de participação de 31,9%. Este valor representa um ligeiro aumento em relação à afluência historicamente baixa de 30,2% verificada em 2021.
Segundo os dados oficiais, cerca de 1,3 milhões dos 4,1 milhões de eleitores registados exerceram o seu direito de voto.
O ato eleitoral decorreu sem a participação dos dois principais partidos pró-democracia: o Partido Cívico, que foi dissolvido em 2023, e o Partido Democrata, descrito como estando em declínio.
A votação realizou-se sob o novo sistema que garante que apenas candidatos "patriotas" podem concorrer, uma reforma que reduziu o número de assentos eleitos por sufrágio universal de 35 para 20.
No total, 161 candidatos disputaram 90 lugares no Conselho Legislativo, distribuídos por circunscrições territoriais, funcionais e designados pela Comissão Eleitoral, esta última dominada por figuras alinhadas com o governo central.
As circunscrições funcionais, que representam grupos profissionais e interesses comerciais, têm sido alvo de críticas pela sua representatividade limitada e favorável às elites.
O processo eleitoral foi profundamente marcado pela recente tragédia do incêndio no complexo residencial de Wang Fuk Court, que resultou em 159 mortos confirmados e 30 desaparecidos, gerando preocupações sobre uma abstenção ainda maior.
Apesar de ter ponderado o adiamento, o governo decidiu manter a data.
O Chefe do Executivo, John Lee, apelou ativamente ao voto, apresentando-o como um gesto de apoio às vítimas do incêndio e um voto a favor das reformas.
Para incentivar a participação, as autoridades alargaram os horários de votação e abriram novos centros.












