
Balanço Energético Ibérico: Consumo Recorde em Portugal e a Dependência Espanhola do Gás



O consumo de energia elétrica em Portugal registou o valor mais elevado dos últimos 15 anos no acumulado de janeiro a setembro, totalizando 39,2 TWh, um crescimento de 2,6% face ao período homólogo de 2024. Apenas em setembro, o consumo subiu 2,2%. Segundo dados da REN e da ADENE, as energias renováveis foram a principal fonte de abastecimento, cobrindo 70% do consumo nos primeiros nove meses do ano e 57% em setembro. Em setembro, a produção total de eletricidade renovável aumentou 6,6% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, impulsionada pelo crescimento da energia solar fotovoltaica (27%), eólica (2,2%) e biomassa (1,2%), embora a produção hídrica tenha recuado 1,3%. A repartição da produção renovável nesse mês foi liderada pela eólica (25,4%), seguida da solar fotovoltaica (14,4%), hídrica (11,2%) e biomassa (6%).
Em contrapartida, a produção a partir de fontes não renováveis, essencialmente gás natural, cresceu 71,6%, representando 17% do consumo, enquanto o saldo importador assegurou os restantes 26%. O consumo de gás natural em Portugal também aumentou, com uma subida homóloga de 18% em setembro. Este crescimento foi motivado pelo segmento de produção de eletricidade, que mais do que duplicou, enquanto o consumo no mercado convencional recuou 3,4%. Em setembro, os Estados Unidos foram o único fornecedor de gás natural, que foi integralmente assegurado através do terminal de GNL de Sines. No acumulado do ano, a Nigéria (49%) e os EUA (39%) foram os principais fornecedores.
Paralelamente, em Espanha, a dependência das centrais a gás natural aumentou significativamente após o apagão ibérico de 28 de abril. De acordo com o grupo de reflexão Ember, a utilização de gás para estabilizar a rede duplicou em maio face ao período homólogo, representando 57% do preço da eletricidade. Este cenário levou a que as perdas de energia renovável triplicassem entre maio e julho.
A Ember alerta para o risco de uma "dependência onerosa do gás" e recomenda o investimento em baterias e interligações para consolidar a transição energética do país.
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