Internato Médico: Oferta Recorde de Vagas Esbarra no Receio de Fuga dos Jovens Clínicos



Mais de 2.300 novos médicos iniciaram o processo de escolha de uma vaga de formação especializada, num concurso que disponibiliza um número historicamente elevado de lugares. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), estão a concurso 2.323 vagas em unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), às quais se somam oito em serviços dos ministérios da Defesa e da Administração Interna, para um total de 2.370 candidatos. Apesar da vasta oferta, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) teme que, à semelhança de anos anteriores, muitas vagas fiquem por ocupar.
O ceticismo do sindicato baseia-se no "contexto particularmente exigente" que os médicos internos enfrentam no SNS.
Entre os problemas apontados estão as cargas de trabalho muito elevadas, horas extraordinárias frequentemente não remuneradas, uma autonomia assistencial precoce, a crescente pressão nos serviços de urgência e custos pessoais significativos com a formação.
Esta realidade, segundo o SIM, gera "dúvidas legítimas" nos jovens clínicos no momento de decidirem o seu futuro profissional.
Face a este cenário, o SIM apela aos médicos para que não desperdicem a oportunidade de avançar na sua formação, sublinhando que o preenchimento destas vagas é crucial para reforçar o SNS e combater a carência crónica de especialistas. O sindicato alerta ainda para o "risco real de permanecer sem especialidade ao longo da vida profissional", uma situação que limita o desenvolvimento técnico, científico e remuneratório dos médicos e fragiliza a capacidade de resposta do sistema de saúde. O SIM recorda os avanços já conseguidos na valorização remuneratória e na proteção do trabalho dos internos e reitera a sua intenção de contribuir para a revisão do regime do internato médico.
O processo de escolha, que decorre até 29 de novembro, é este ano organizado pela ACSS através de uma nova plataforma informática, uma medida que visa modernizar e simplificar os procedimentos, garantindo maior transparência. Os novos médicos iniciarão a sua formação especializada a partir de 1 de janeiro de 2026.













