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Especialista defende educação pública sobre o uso e riscos dos psicadélicos

O especialista Jules Evans defende a necessidade urgente de educar o público sobre o consumo seguro de psicadélicos, alertando que a maior parte da utilização ocorre fora do contexto médico e acarreta riscos significativos.
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O investigador Jules Evans, diretor do Challenging Psychedelic Experiences Project, defendeu que os governos e as entidades reguladoras devem apostar na educação da população sobre o uso seguro e os efeitos nocivos de substâncias psicadélicas. Durante a sua participação no simpósio "Psychedelic Therapy: From Evidence to Equity", na Fundação Champalimaud, em Lisboa, o especialista sublinhou que a utilização médica representará provavelmente apenas 5% do consumo total, sendo que estas substâncias já se encontram amplamente disponíveis ao público através da internet ou na natureza.

Evans alertou que "os psicadélicos são amplificadores" de problemas antigos ou desconhecidos e que tornam as pessoas mais sensíveis e vulneráveis.

Este facto cria riscos, especialmente em ambientes não controlados, como o subsolo ilegal ou igrejas psicadélicas, onde indivíduos sob o efeito destas substâncias podem ser alvo de aproveitamento sexual, financeiro ou para recrutamento para cultos. Acrescem os riscos para a saúde mental: em pessoas com historial familiar de psicose ou perturbação bipolar, os psicadélicos podem atuar como um "gatilho" para essas vulnerabilidades genéticas, embora tal seja raro, ocorrendo em menos de 2% dos casos. O investigador acrescentou que, se a experiência não for conduzida com o devido cuidado, pode também agravar quadros de perturbação de stress pós-traumático ou transtorno obsessivo-compulsivo. Na perspetiva de Jules Evans, a sociedade "ainda não está preparada" para uma implementação em larga escala de tratamentos com psicadélicos, pois a ciência ainda está a aprender sobre os riscos, como reduzi-los e qual o papel da terapia de acompanhamento. Esta visão é partilhada por Albino Oliveira Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud, que realçou a preocupação em atingir um equilíbrio em que "o progresso não se faça à custa de riscos". Questionado sobre a aplicação em Portugal desde a aprovação do primeiro psicadélico para depressão grave em meio hospitalar, em maio, Albino Maia afirmou não ter uma resposta fácil, conhecendo apenas dois casos tratados: um na Fundação Champalimaud e outro no Hospital de Beja.

O psiquiatra expressou, no entanto, a esperança de que o número real seja superior, dada a quantidade de pessoas que necessitam do tratamento.

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