Tesouro Nacional do Rio Lima: Piroga com mil anos em exposição em Caminha

Uma piroga monóxila, embarcação construída a partir de um único tronco de árvore, está em destaque na exposição “Da Pré-História à Romanização”, inaugurada no Museu Municipal de Caminha.

A peça, datada do período entre a segunda metade do século X e a primeira metade do século XI, é a primeira de um conjunto encontrado no rio Lima e foi classificada como Tesouro Nacional. A sua exibição foi possível através de um contrato de cedência de bens culturais móveis, com a duração de cinco anos renováveis, celebrado em 2024 entre a Câmara Municipal de Caminha e o Património Cultural, Instituto Público. Para acolher a embarcação, designada Lima 1, o museu teve de cumprir rigorosos requisitos de segurança e de conservação, incluindo o controlo de humidade relativa, temperatura, iluminação e a ausência de poluentes atmosféricos. A história desta piroga remonta a 2 de março de 1985, quando foi retirada do leito do rio Lima, em Viana do Castelo. Após a sua descoberta, ficou guardada num armazém da capitania local, vindo a ser posteriormente comprada por Raúl de Sousa, na altura funcionário da Câmara de Caminha e membro do grupo organizador do museu municipal. Esta embarcação faz parte de um conjunto de sete pirogas encontradas no rio Lima entre 1985 e 2023, classificadas como Conjunto de Interesse Nacional em junho de 2021. Este achado é considerado sem paralelo na Península Ibérica pelo número de embarcações envolvidas, constituindo um testemunho notável da navegação no rio Lima desde a Idade do Ferro até à Baixa Idade Média.

As datações por radiocarbono indicam que as duas pirogas mais antigas do conjunto remontam aos séculos IV e III a.C.