Portugal atingiu um recorde de 86,2% de eletricidade renovável em 2024 mas enfrenta desafios ambientais



O panorama ambiental de Portugal em 2024 apresentou uma imagem de contrastes, com avanços notáveis na transição energética e desafios persistentes noutras áreas, num contexto de crescimento económico e populacional. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a produção de eletricidade de origem renovável atingiu um máximo histórico de 86,2%, o que contribuiu para reduzir a dependência energética nacional para 64,3% e diminuir as emissões de gases com efeito de estufa em 4,4% face a 2023.
Apesar destes progressos, o país enfrentou dificuldades significativas.
O ano de 2024 foi o terceiro mais quente da última década e, embora o número de incêndios rurais tenha sido o mais baixo do mesmo período, a área ardida foi a quarta maior. Na gestão de recursos, observou-se uma diminuição de 5% no consumo interno de materiais, mas a produção de resíduos setoriais e a recolha de resíduos urbanos aumentaram 4,9% e 3,4%, respetivamente. A taxa de preparação para reutilização e reciclagem de resíduos urbanos fixou-se nos 37%, valor ainda distante da meta de 55% estabelecida para 2025.
No plano económico e social, a população residente cresceu 1,0%, atingindo 10.749.635 pessoas, e a procura interna aumentou 2,9%.
Os impostos com relevância ambiental subiram para 5,9 mil milhões de euros, impulsionados pelo ISP, mas a despesa pública com proteção ambiental diminuiu para 1.610 milhões de euros. O parque automóvel cresceu 4,6%, com destaque para o aumento de 49,4% nos veículos ligeiros de passageiros 100% elétricos, que representam agora 2,7% do total. O debate sobre a política ambiental permanece ativo, como demonstra a posição da associação ZERO contra a contenção da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR), defendendo que esta é crucial para incentivar a reciclagem. Em contraste, surgem iniciativas locais de sustentabilidade, como a do município de Braga, que, em parceria com o Clube Automóvel do Minho, compensou as emissões de CO₂ da Rampa da Falperra através da plantação de 250 árvores autóctones.





















