Portugal administrou mais de 32 milhões de vacinas contra a covid-19 em cinco anos



Assinalam-se cinco anos desde que foi administrada a primeira vacina contra a covid-19 em Portugal, um marco simbólico que ocorreu no Hospital de São João, no Porto. Desde então, segundo dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), foram administradas mais de 32 milhões de doses no país, um número que o antigo diretor-geral da Saúde, Francisco George, classifica como “extremamente positivo”. O impacto da campanha de vacinação é substancial. De acordo com dados do Infarmed, baseados em estudos do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e da Organização Mundial da Saúde Europa, a vacinação permitiu evitar cerca de 12 mil mortes nos dois primeiros anos da pandemia. A mesma modelização estima que foram prevenidas mais de 1,2 milhões de infeções e mais de dois milhões de dias de internamento, que teriam sobrecarregado o sistema de saúde. Francisco George sublinha que o sucesso inicial se deveu à organização e liderança da campanha, defendendo a necessidade de “manter o ritmo”.
O especialista em saúde pública reitera a importância de continuar a vacinação anualmente, uma vez que o vírus SARS-CoV-2 continua em circulação, embora com menor gravidade.
À semelhança do que acontece com o vírus da gripe, as vacinas contra a covid-19 têm sido adaptadas às novas mutações, sendo a sua administração recomendada durante as estações frias, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças crónicas.
Relativamente a efeitos secundários, Francisco George assegura que as queixas “não são muito significativas nem preocupantes”, tratando-se maioritariamente de reações locais e ligeiras, monitorizadas permanentemente pelo Infarmed.
Contudo, um estudo da Universidade de Osaka, que incluiu Portugal, alerta para um paradoxo nas campanhas de saúde.
As justificações morais para a vacinação, como a proteção de terceiros, embora eficazes para aumentar a adesão, podem também intensificar a polarização social e sentimentos negativos em relação a quem recusa a imunização. Esta investigação sugere que a comunicação em saúde pública deve considerar não apenas a adesão, mas também as consequências a longo prazo, como a fragmentação social.


















