Moeda de Troca Digital: EUA Pressionam UE a Flexibilizar Leis para Aliviar Tarifas sobre o Aço

Os Estados Unidos condicionaram a redução das tarifas sobre o aço e o alumínio a uma alteração na abordagem da União Europeia à regulação do setor digital, que Washington considera prejudicial para as suas gigantes tecnológicas.

O Secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick, pediu à União Europeia (UE) uma “abordagem equilibrada” na sua legislação digital como condição para resolver a disputa sobre as tarifas do aço e do alumínio.

Durante uma visita a Bruxelas, juntamente com o Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, Lutnick sugeriu que, se a UE conseguir encontrar um equilíbrio nas suas regras digitais, sem as eliminar, os EUA estarão dispostos a avançar na questão das tarifas.

Segundo o secretário, esta flexibilização poderia desbloquear “biliões e biliões em investimento” das tecnológicas norte-americanas na Europa, que considera estar a perder esta oportunidade.

Em resposta, o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, defendeu a legislação comunitária, como a Lei dos Serviços Digitais e a Lei dos Mercados Digitais, garantindo que “não é uma discriminação” e não visa especificamente as empresas americanas.

Sefcovic manifestou disponibilidade para prestar mais esclarecimentos aos parceiros norte-americanos.

Esta exigência insere-se num contexto de forte oposição de Washington às novas leis digitais europeias, que considera serem barreiras não tarifárias que penalizam as suas grandes empresas de tecnologia. Os EUA têm mantido tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio importados da UE como forma de pressão comercial, levando a UE a retaliar em outubro com limites às importações de ferroligas. Para demonstrar o cumprimento dos acordos comerciais por parte da UE, Maros Sefcovic destacou o aumento das compras de gás natural liquefeito (GNL) aos EUA, cuja quota nas importações da UE subiu de 45% para 60%, e o crescimento do investimento europeu nos EUA para 154 mil milhões de euros desde janeiro. Apesar de um acordo comercial alcançado em julho ter estabelecido uma tarifa base de 15% para a maioria dos produtos, as sobretaxas sobre o aço e o alumínio permanecem, com a previsão de um futuro sistema de contingentes para as limitar.