Impasse Orçamental nos EUA: Fome como Arma Política e Economia em Alerta

A paralisação do governo dos EUA, em vias de se tornar a mais longa da história, força a administração Trump a recorrer a fundos de emergência para garantir apoios alimentares essenciais, enquanto o impasse político entre Republicanos e Democratas se agrava.

O governo federal dos Estados Unidos enfrenta uma paralisação parcial (“shutdown”) que, com 34 dias, está prestes a tornar-se a mais longa da história, superando o recorde de 35 dias estabelecido entre 2018 e 2019.

A causa do impasse reside na incapacidade de Democratas e Republicanos chegarem a um acordo sobre um novo orçamento. Os Democratas exigem um aumento nas verbas para a saúde, enquanto os Republicanos os acusam de tentar expandir os serviços de saúde a imigrantes indocumentados, uma alegação que a oposição nega. Ambos os partidos culpam-se mutuamente pela situação, que deixa milhões de funcionários federais sem receber salários. As consequências para a população são severas, afetando diretamente a segurança alimentar de milhões de pessoas. Em resposta a uma ordem judicial, a administração de Donald Trump anunciou a utilização de um fundo de emergência de 4,65 biliões de dólares (4,03 mil milhões de euros) para financiar cerca de 50% dos pagamentos do 'SNAP', o principal programa de assistência alimentar do país. Este programa é vital para 42 milhões de norte-americanos, o que corresponde a aproximadamente 12% da população.

Além do risco de perda do auxílio alimentar, os subsídios para assistência médica também estão prestes a expirar.

O impasse político não mostra sinais de resolução.

O Presidente Trump afirmou que não se deixará “extorquir” pelos Democratas e que só negociará após a reabertura do governo.

Por outro lado, os senadores Democratas votaram contra a reabertura por 13 vezes, insistindo em negociações prévias.

O líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, acusou a administração republicana de “explorar a fome” dos beneficiários do programa.

A prolongada paralisação gera também preocupações económicas mais vastas.

Embora os “shutdowns” não costumem ter grande impacto nos mercados, este poderá levar a advertências ou cortes nas notações de crédito dos EUA por parte das agências financeiras.

Adicionalmente, a Reserva Federal (Fed) vê-se privada de dados económicos essenciais para a tomada das suas decisões.

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