Artistas portugueses e vários países boicotam a Eurovisão devido à participação de Israel



A 70.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, a realizar-se em maio na Áustria, enfrenta um boicote significativo por parte de vários países e artistas devido à manutenção da participação de Israel.
Espanha, Irlanda, Países Baixos, Eslovénia e Islândia já anunciaram que não irão competir, reduzindo o número de nações participantes para 35.
O protesto deve-se aos ataques militares israelitas na Faixa de Gaza, que nos últimos dois anos causaram pelo menos 67 mil mortes e foram classificados como genocídio por uma comissão de investigação da ONU.
Em Portugal, a contestação ganhou força entre os concorrentes do Festival da Canção, o evento organizado pela RTP que seleciona o representante nacional.
A maioria dos 16 artistas e bandas anunciados para a edição de 2026 declarou que, caso vençam, recusarão participar na Eurovisão.
O músico Dinis Mota foi o mais recente a juntar-se ao boicote, afirmando que, enquanto cidadão e ser humano, não poderia estar do lado de um agressor.
Numa declaração conjunta anterior, artistas como Cristina Branco, Djodje e os membros das bandas Bateu Matou e Marquise afirmaram não compactuar com a violação dos Direitos Humanos.
Dinis Mota, que explicou não ter assinado a declaração inicial por necessitar de tempo para reflexão, propôs a organização de um concerto internacional na Áustria durante a semana da Eurovisão.
O objetivo seria dar voz ao movimento e reverter todos os lucros para ajuda humanitária ao povo palestiniano.
O músico estendeu o convite aos artistas dos outros países que boicotaram o concurso.
No entanto, a posição não é unânime entre os participantes do Festival da Canção.
Os Bandidos do Cante afirmaram que, se vencerem, irão representar Portugal com responsabilidade, embora respeitem a decisão dos colegas.
Já o duo Agridoce adiou uma decisão, preferindo focar-se na sua atuação no festival nacional e defendendo que a música deve ser um espaço de encontro e não de divisão.
O Festival Eurovisão da Canção já excluiu países no passado por razões políticas, como a Bielorrússia em 2021 e a Rússia em 2022.






