Falta de professores nas escolas públicas agravou-se no primeiro período letivo



A falta de professores nas escolas portuguesas aumentou significativamente no primeiro período deste ano letivo em comparação com o ano anterior. Segundo dados da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), estiveram em contratação de escola 13.446 horários, um aumento de 38,7% face aos 9.696 do período homólogo, o que a estrutura sindical classifica como um "problema estrutural profundo" e uma "falta crónica de professores".
Um inquérito da Missão Escola Pública (MEP), respondido por 88 diretores escolares, corrobora a gravidade da situação.
Pelo menos 44 escolas terminaram o período com horários por preencher e, em 34 delas, há turmas sem professor a pelo menos uma disciplina desde setembro.
As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve são as mais afetadas, com 58% e 60% dos agrupamentos inquiridos a reportar falta de docentes, respetivamente.
A Fenprof detalha que Lisboa lidera com 5.285 horários em falta, seguida por Setúbal (1.975) e Faro (1.444).
O problema, no entanto, alastrou-se a todo o território, afetando também o Centro (30% das escolas) e o Norte (14%). A situação é particularmente grave no primeiro ciclo, onde 14% dos agrupamentos reportaram turmas sem professor durante todo o período.
Para mitigar o problema, as escolas têm recorrido a medidas paliativas.
A atribuição de horas extraordinárias foi a solução mais comum, confirmada por 81% dos diretores, uma medida que, segundo o ministro da Educação, Fernando Alexandre, custa mais de 20 milhões de euros anuais.
Além disso, oito em cada dez escolas recorreram a professores sem formação pedagógica.
O ministro admitiu a existência de "um número significativo de horários por preencher", mas afirmou que "ninguém consegue" dar um número exato de alunos afetados, estando a ser desenvolvido um novo sistema de informação. A tutela planeia ainda um concurso extraordinário para colocar cerca de 1.800 professores nas zonas mais carenciadas.











