Família desalojada em Almada recebe extensão de estadia em pensão sob alegada ameaça de lhe serem retirados os filhos



Uma família composta por um casal e três filhos ficou sem casa no bairro da Penajoia, em Almada, depois de a sua habitação ter sido demolida por ser considerada estruturalmente insegura, na sequência de chuvas intensas e deslizamentos de terras.
O prazo inicial para encontrarem uma alternativa terminou na passada segunda-feira, deixando a família sem ter para onde ir.
Após comunicarem a sua situação à autarquia, os serviços sociais conseguiram prolongar a estadia da família numa pensão até 5 de janeiro de 2026.
Contudo, segundo Lua Semedo, do movimento Vida Justa, que acompanha o caso, esta extensão foi acompanhada de uma “ameaça de retirada das crianças se não se organizarem”. A Câmara Municipal de Almada confirmou que o processo está a ser gerido pela Santa Casa da Misericórdia, que forneceu à família uma lista de casas para arrendar. O movimento Vida Justa e a Associação de Moradores do Bairro Penajoia, que denunciaram o caso, atribuem o prolongamento da estadia à “pressão” exercida.
Defendem que, por lei, o Estado e a autarquia têm a obrigação de dar uma resposta urgente, dado o risco social imediato. As organizações sublinham que este é o segundo caso recente no bairro de uma família com crianças a ser despejada sem realojamento, o que revela um “padrão preocupante de falha na resposta pública”. Ativistas consideram a ameaça de retirada dos filhos “ilegal” e uma forma de “coerção e intimidação” inaceitável contra famílias afetadas pela falta de políticas de habitação. O outro caso mencionado, ocorrido a 23 de janeiro, envolve uma família que continua “a dormir no chão de uma casa, de favor”. Entretanto, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, informou que está agendada para janeiro uma reunião com o Ministério das Infraestruturas e Habitação para apresentar um plano para o bairro de Penajoia, um aglomerado de génese ilegal em terrenos do IHRU.














