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Ferbgás investe 20 ME em unidade de biometano em Benavente

Portugal avança na transição energética com novos investimentos em biometano, mas o debate sobre o futuro da rede de gás fóssil e a dependência externa persiste, delineando um caminho complexo para a descarbonização do país.
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A empresa Ferbgás Renováveis anunciou um investimento de 20 milhões de euros para a construção de uma unidade de produção de biometano em Benavente, que deverá arrancar no primeiro semestre de 2026. O projeto, denominado “Benavente Bioenergy”, terá capacidade para produzir anualmente 40 gigawatts-hora (GWh) de gás renovável, o equivalente ao consumo de 8.000 habitações.

A unidade utilizará resíduos agropecuários da região, como estrumes e chorumes, resolvendo um problema ambiental para os produtores locais e promovendo a economia circular através da produção de biofertilizante.

A Ferbgás prevê a criação de 10 a 15 postos de trabalho diretos e mais de 30 indiretos. Este investimento insere-se num plano mais vasto da empresa, que visa aplicar mais de 200 milhões de euros na construção de 10 unidades semelhantes em Portugal até 2030. Este movimento em direção a energias renováveis contrasta com a estratégia delineada no Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede de Gás Natural (PDIRG), que prevê investimentos superiores a 200 milhões de euros até 2035 para expandir a rede de gás fóssil, aumentar a capacidade de armazenamento no Carriço e modernizar o terminal de gás natural liquefeito (GNL) em Sines. Esta aposta na infraestrutura de gás fóssil surge num contexto de queda acentuada do consumo em Portugal desde 2017. Críticos apontam que a justificação para esta expansão se baseia em estratégias dispendiosas e ineficientes, como a injeção de uma pequena percentagem de hidrogénio “verde” na rede e a construção de um novo gasoduto (CelZa), que enfrenta oposição devido aos seus impactos ambientais. A discussão sobre a rede de gás levanta também questões de dependência externa e geopolítica. Em 2024, cerca de 99% do gás consumido em Portugal chegou por via marítima ao terminal de Sines, maioritariamente da Nigéria (52%) e dos Estados Unidos (40%), mas também da Rússia, que se manteve como o terceiro maior fornecedor, apesar das sanções europeias. Argumenta-se que, em vez de prolongar a vida da infraestrutura de gás fóssil, o país deveria planear o seu desmantelamento faseado para cumprir as metas de descarbonização. A falta de uma “Estratégia industrial verde”, cuja apresentação está atrasada, é apontada como uma falha na definição de um rumo claro para a descarbonização da indústria nacional.

Enquanto o debate energético se centra no gás, outras iniciativas de sustentabilidade progridem no país.

A Sogrape, por exemplo, reduziu as suas emissões de gases com efeito de estufa em 13,5% em 2024 (face a 2021) e tem mais de 30 projetos de investigação e desenvolvimento ativos focados na regeneração de solos e monitorização da biodiversidade.

Paralelamente, os Açores foram reconhecidos por administradores do Banco Mundial pelas suas boas práticas nos domínios da sustentabilidade, economia azul e transição energética.

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