Entre o Apelo à Língua e a Tensão da Imigração: A Dupla Missão do Governo junto da Diáspora nos EUA



Durante uma visita oficial aos Estados Unidos, o secretário de Estado das Comunidades, Emídio Sousa, abordou duas questões centrais para a diáspora portuguesa: a preservação da língua e a crescente preocupação com as rusgas de imigração.
O governante apelou veementemente às famílias emigrantes para que falem português em casa, considerando esta a “maior e melhor ferramenta” para que as novas gerações, especialmente a segunda e terceira, mantenham a ligação à identidade e cultura nacionais, a sua “portugalidade”.
Paralelamente a este apelo familiar, o Governo está a finalizar uma revisão do regime jurídico do ensino do português no estrangeiro, que não é atualizado há 19 anos.
O objetivo é tornar o ensino “mais atrativo”, melhorando o acesso a manuais, as condições das aulas presenciais e a oferta online. Emídio Sousa reconheceu ter recebido queixas sobre as condições salariais pouco competitivas dos professores nos EUA, mas destacou o crescimento expressivo do ensino do idioma no país, que conta com mais de 20 mil alunos no ensino básico e secundário e dois mil no superior, sendo que a língua portuguesa integra o exame NEWL, que dá acesso ao ensino superior norte-americano.
Outro tema central da visita foi a apreensão gerada pelas recentes operações do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). O secretário de Estado classificou como “muito preocupante” a rusga realizada por dezenas de agentes do ICE e do FBI à empresa Ocean Seafood Depot, propriedade do empresário português Luís Janota, em Newark. A operação, que visou separar trabalhadores em situação regular e irregular, intensificou o clima de tensão na comunidade, apesar de Newark ser considerada uma “cidade santuário”. Em resposta, Emídio Sousa assegurou que, embora Portugal respeite o direito soberano dos EUA de controlar a imigração, os serviços consulares acompanham de perto todos os casos reportados.
O apoio prestado inclui acompanhamento jurídico, consular e, se necessário, assistência em processos de repatriamento, embora estas matérias sejam tratadas com “discrição”.
O governante apelou à regularização das situações de ilegalidade, num contexto de intensificação da fiscalização desde o início do segundo mandato de Donald Trump, que tem afetado inclusivamente cidadãos com ‘Green Card’.













