Greve Geral de Dezembro: Entre o Custo Económico e a Contestação Laboral



A greve geral convocada pelas centrais sindicais CGTP e UGT para o dia 11 de dezembro poderá custar à economia portuguesa até 792,8 milhões de euros, caso a adesão seja total. Este valor corresponde a um dia de produção da riqueza nacional, calculado com base no Produto Interno Bruto (PIB) de 289,4 mil milhões de euros registado em 2024. O impacto real da paralisação dependerá, no entanto, da taxa de participação: um cenário com 30% de adesão resultaria em perdas de 237,8 milhões de euros, enquanto uma participação de 90% elevaria o custo para mais de 713 milhões de euros.
Apesar da fatura pesada para a economia, a paralisação poderá gerar algumas poupanças para as contas do Estado.
Na Função Pública, o Governo poupará nos salários dos trabalhadores grevistas, bem como em despesas operacionais como eletricidade e água.
O economista João César das Neves considera que o impacto económico global é limitado e comparável ao de um feriado, sublinhando que a questão central do protesto é de natureza política, inserida num contexto de baixa produtividade, salários reduzidos e elevada precariedade laboral em Portugal. Na origem da contestação está o pacote laboral proposto pelo Governo, que, segundo o sociólogo João Teixeira Lopes, é visto como excessivamente favorável ao patronato, gerando descontentamento apesar do cenário de pleno emprego.
Prevê-se uma forte adesão no setor público, com potencial para paralisar serviços essenciais.
O setor dos transportes, especialmente nos aeroportos, é identificado como uma das áreas onde os constrangimentos poderão ser mais significativos, sendo crucial a garantia de serviços mínimos. Para os trabalhadores, a adesão à greve representa uma perda de rendimento.
Um trabalhador com o salário mínimo de 870 euros perderá 39,55 euros.
Contudo, o facto de a paralisação ocorrer em dezembro, mês do pagamento do subsídio de Natal e que conta com três feriados, poderá atenuar o impacto financeiro no orçamento das famílias.














