Gripenet: A Vigilância da Saúde Respiratória Regressa às Mãos dos Cidadãos



A plataforma eletrónica Gripenet, um sistema de vigilância participativa de infeções respiratórias agudas, está novamente operacional em Portugal. O serviço, que se baseia em informação autorrelatada pelos cidadãos, esteve suspenso desde 2020 devido à alocação de recursos para o combate à pandemia de covid-19.
Coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), o projeto visa complementar os sistemas de vigilância tradicionais. A principal vantagem do Gripenet, segundo a investigadora do INSA Verónica Gomez, é a capacidade de incluir dados de casos ligeiros de pessoas que não recorrem aos serviços de saúde e que, por isso, não entram nas estatísticas oficiais. Dados recolhidos pela plataforma entre 2011 e 2017 revelaram que cerca de 70% das pessoas com sintomas gripais não procuraram cuidados médicos.
Esta informação é considerada essencial para compreender a circulação real das infeções na comunidade e a reação da população perante os sintomas.
O período de interrupção foi aproveitado para reformular e melhorar a plataforma. O foco foi ampliado para abranger diversas infeções respiratórias para além da gripe, como a covid-19.
Adicionalmente, a metodologia foi uniformizada com a do consórcio europeu Influenza Net, o que permite uma visão integrada e comparativa a nível europeu sobre a prevalência destas doenças.
A participação é voluntária, anónima e aberta a todos os residentes em Portugal.
Após um registo simples no website, cada utilizador recebe um código para garantir o anonimato e responde semanalmente a um breve questionário sobre a presença de sintomas.
O preenchimento demora apenas alguns segundos na ausência de sintomas e cerca de três minutos caso sejam reportados.
É também possível que pais ou tutores legais registem os sintomas dos seus filhos menores.
Os resultados agregados são disponibilizados semanalmente na plataforma.
O Gripenet foi originalmente criado em 2004 pelo Instituto Gulbenkian de Ciência e transferido para a alçada do INSA em 2015.

















