Tensão Pós-Eleitoral na Guiné-Bissau: Candidato Reivindica Vitória Antes dos Resultados Oficiais

O candidato presidencial Fernando Dias declarou vitória na primeira volta das eleições na Guiné-Bissau, acusando a existência de manobras para adulterar os resultados e criando um clima de incerteza enquanto se aguarda o anúncio oficial.

O candidato à presidência da Guiné-Bissau, Fernando Dias, reivindicou a vitória nas eleições gerais de domingo, afirmando ter derrotado o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, e que não será necessária uma segunda volta.

A declaração, transmitida nas redes sociais, foi acompanhada por denúncias de alegadas “manobras para adulterar os resultados”.

Dias afirmou ter informações sobre uma ordem que proíbe delegados do Ministério Público de assistir ao apuramento dos votos nas Comissões Regionais de Eleições, mas garantiu possuir as atas síntese das mesas de votação que comprovam a sua vitória. Enquanto Fernando Dias aguarda a confirmação oficial, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) pediu contenção.

O porta-voz da CNE, Idriça Djalo, anunciou que os resultados provisórios só serão divulgados até quinta-feira e apelou a todos os atores políticos e à comunicação social para que se abstenham de divulgar resultados, uma competência exclusiva da CNE. Em linha com este apelo à calma, o comissário geral da Polícia da Ordem Pública, Salvador Soares, avisou que não serão toleradas manifestações antes do anúncio oficial dos resultados.

Estas eleições, que decorreram sem incidentes relatados, serviram para eleger o Presidente e os 102 deputados da Assembleia Nacional Popular.

Fernando Dias, que concorreu como independente, emergiu como o principal adversário de Embaló após receber o apoio do PAIGC e da coligação PAI – Terra Ranka. Este apoio surgiu depois de o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, ter sido impedido de concorrer por decisão do Supremo Tribunal de Justiça. O contexto político é marcado pela dissolução do parlamento por Embaló em dezembro de 2023, que afastou do poder a maioria PAI-Terra Ranka. A cobertura mediática internacional do evento foi limitada, uma vez que a comunicação social portuguesa, incluindo as delegações da Lusa, RTP e RDP, foi expulsa do país em agosto, tendo a cobertura sido assegurada à distância.