Redução da Pobreza em Portugal: Uma Melhoria com Desafios Persistentes



De acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de risco de pobreza em Portugal diminuiu para 15,4% em 2024, uma redução de 1,2 pontos percentuais face ao ano anterior. Apesar da melhoria, 1,66 milhões de pessoas viviam com um rendimento monetário anual líquido inferior a 8.679 euros, o equivalente a 723 euros por mês. A taxa combinada de pobreza ou exclusão social também recuou de 19,7% para 18,6%, abrangendo 1,995 milhões de pessoas. A diminuição da pobreza foi transversal a todos os grupos etários, mas sentiu-se de forma mais acentuada na população idosa, onde se registou uma queda de 3,3 pontos percentuais. Verificou-se também uma redução do risco de pobreza tanto para a população empregada (de 9,2% para 8,6%) como para a desempregada (de 44,3% para 42,6%). As transferências sociais, como subsídios de doença, família ou desemprego, desempenharam um papel fundamental, contribuindo para uma redução de 5,4 pontos percentuais na taxa de pobreza. Sem estas transferências e as pensões, a taxa de pobreza atingiria 40,7%.
Apesar da tendência positiva, o inquérito revela um agravamento da pobreza em agregados familiares específicos, nomeadamente em famílias monoparentais com pelo menos uma criança (de 31% para 35,1%) e em agregados com dois adultos e duas crianças (de 12% para 14,2%). A escolaridade continua a ser um fator distintivo: 21,3% da população com ensino básico estava em risco de pobreza, em contraste com apenas 5,4% dos que possuem ensino superior.
A nível regional, a Grande Lisboa apresentou o risco de pobreza mais baixo (12,2%), enquanto a Região Autónoma dos Açores registou a incidência mais elevada. Os dados indicam ainda uma ligeira redução da desigualdade de rendimentos em Portugal, com o Coeficiente de Gini a descer para 30,9% e o rácio entre os rendimentos dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres a diminuir de 5,2 para 4,9. Num contexto europeu, um relatório do Eurostat colocou Portugal em nono lugar entre os países da União Europeia com a taxa mais elevada de trabalhadores em risco de pobreza em 2024.

















