Cessar-Fogo em Gaza: Entre a Esperança de Paz e a Realidade da Destruição e Desconfiança



O Hamas está a pressionar para iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, propondo uma trégua de dez anos com "garantias claras de congelamento do uso de armas". Decorrem conversações "mais sérias" com a mediação do Qatar e do Egito, prevendo-se uma nova ronda de negociações para o final do mês ou início do novo ano, dependendo de um acordo prévio entre os EUA e Israel.
Persistem, no entanto, divergências sobre a entrega de armas das fações palestinianas.
O obstáculo relativo ao corpo do último refém israelita, necessário para a segunda fase, já não é visto pelo Hamas como uma justificação para atrasos por parte de Israel.
Esta fase prevê a retirada total das tropas israelitas, o desarmamento das milícias, a reconstrução de Gaza e a criação de um governo de transição.
Um dos pontos críticos do acordo é a ajuda humanitária, que está a ser entregue em quantidades muito inferiores às previstas.
O entendimento, patrocinado por Donald Trump, estipulava a entrada de 600 camiões por dia, mas os números reais variam consoante a fonte. As Forças da Defesa de Israel (IDF) reportam uma média de 459 camiões diários desde 12 de outubro, enquanto a agência AP estima que entraram pouco mais de 25.700 camiões no total, abaixo dos 33.600 previstos.
A ONU regista um número ainda menor, 113 por dia até 7 de dezembro, e um documento do Hamas indicava 7.333 veículos.
Em Rafah, a devastação é visível.
O exército israelita exibiu a jornalistas internacionais um complexo túnel com mais de sete quilómetros de comprimento, que teria sido usado por altos comandantes do Hamas, como Mohammed Sinwar, e onde esteve escondido o corpo do refém Hadar Goldin.
A visita, supervisionada e censurada pelos militares, revelou uma "cidade fantasma" em ruínas.
Israel controla o acesso de jornalistas a Gaza e fechou a passagem de Rafah com o Egito, crucial para a ligação do enclave ao exterior. O conflito foi desencadeado pelo ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.200 mortos em Israel e que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu admitiu ter sido uma "falha grave" a ser investigada. A subsequente operação militar israelita em Gaza causou, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, mais de 70 mil mortos e uma catástrofe humanitária.

















