Controlo Biológico Eficaz: Inseto Australiano Trava Praga de Acácias na Costa Portuguesa

Um estudo de cientistas de Coimbra veio confirmar o sucesso da utilização de um inseto australiano como agente de controlo biológico da acácia-de-espigas (Acacia longifolia), uma das espécies de plantas invasoras mais problemáticas da costa portuguesa. A investigação, conduzida por um grupo do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (UC) e da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC/IPC), concluiu que esta é uma ferramenta eficaz, segura e sustentável para a recuperação dos ecossistemas dunares. O inseto, de nome científico ‘Trichilogaster acaciaelongifoliae’, foi introduzido em Portugal em 2015, após mais de 12 anos de testes e análises de risco, tendo o pedido original sido feito em 2003. O estudo acompanhou as acácias durante seis anos em várias dunas da região Centro e revelou que o inseto consegue reduzir a produção anual de sementes da planta em até 98%.

Segundo a investigadora Liliana Neto Duarte, nas áreas onde o agente está estabelecido há nove anos, a produção de sementes praticamente desapareceu.

O método de atuação do inseto consiste na deposição dos seus ovos nas gemas florais da acácia.

A planta reage formando uma galha no lugar das flores, o que impede a formação de vagens e, consequentemente, de sementes. Este processo quebra o ciclo reprodutivo da invasora e evita o reforço do banco de sementes no solo.

Os investigadores observaram também que a forte pressão das galhas pode levar ao enfraquecimento progressivo das árvores e, em alguns casos, à sua morte.

A eficácia desta solução já tinha sido comprovada na África do Sul, onde o inseto foi introduzido com sucesso em 1987, resultando numa diminuição superior a 85% na produção de sementes.

Os autores do estudo recomendam que o controlo biológico seja integrado com outras práticas, como o corte mecânico, para garantir a sua eficácia a longo prazo e criar melhores condições para a regeneração da vegetação nativa.