Inovação Portuguesa: Nova Estratégia Antiviral Promete Bloquear a Gripe A e Outros Vírus

Cientistas portugueses estão a desenvolver uma metodologia inovadora para bloquear o vírus da gripe A antes que este se torne infeccioso, uma descoberta que poderá abrir caminho a novos tratamentos para uma vasta gama de outras doenças virais.

Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, liderada por Maria João Amorim, está a testar uma nova forma de impedir a replicação do vírus da gripe A.

A abordagem foca-se na forma como o genoma do vírus, que se encontra dividido em oito partes distintas, se organiza para se tornar infeccioso. Os cientistas descobriram que estas oito partes do genoma se reúnem em compartimentos com propriedades semelhantes às dos líquidos, permitindo que as moléculas se movam livremente e interajam. Este processo é essencial para que o vírus se forme corretamente.

A equipa concluiu que, ao alterar estas propriedades — especificamente, ao "endurecer" estas estruturas —, é possível retirar-lhes o dinamismo necessário para a interação.

Na prática, esta ação bloqueia a capacidade do vírus de formar o seu genoma, impedindo a infeção.

Segundo a investigadora, a primeira estratégia, focada no endurecimento destas estruturas, já demonstrou funcionar, representando um avanço significativo.

A importância desta descoberta transcende a gripe A. Maria João Amorim sublinha que, se a metodologia for bem-sucedida, poderá ser aplicada a outros vírus para os quais ainda não existem vacinas, como o VIH, Zika, Herpes simplex e vírus hemorrágicos como o Nipah, Marburg ou Lassa.

O objetivo é desenvolver terapias inovadoras que superem as limitações dos antivirais atuais, como a resistência e o espetro de ação reduzido.

Os novos antivirais resultantes desta investigação poderão proteger pessoas não vacinadas, diminuir a gravidade da doença em indivíduos infetados e controlar a propagação de vírus. Ao tratar os doentes de forma mais eficaz, reduz-se a sua capacidade de infetar outras pessoas, o que pode ser crucial para evitar futuras epidemias e reforçar a resposta da saúde pública a novos surtos.

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