Lesados do Banif pedem reunião a Luís Montenegro e denunciam promessas não cumpridas

A associação que representa os lesados do Banif enviou uma carta ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, a solicitar uma reunião e a acusar o Estado de uma década de promessas não cumpridas para encontrar uma solução para as suas perdas.

Numa carta enviada ao primeiro-ministro Luís Montenegro, os lesados do Banif acusam o Estado português de uma década de inação e promessas por cumprir desde a resolução do banco em dezembro de 2015.

Utilizando um tom irónico, os signatários agradecem o que os sucessivos governos fizeram por eles, sublinhando que esse "tudo" tem sido "absolutamente nada".

A associação recorda a criação de várias comissões e grupos de trabalho que, apesar de produzirem relatórios, nunca resultaram numa solução concreta para os investidores.

As críticas estendem-se ao atual executivo.

Os lesados recordam uma reunião realizada a 3 de julho de 2024 no Ministério das Finanças, na qual representantes governamentais se comprometeram a dar continuidade ao trabalho do governo anterior e a acelerar o processo. Na altura, foi prometida uma nova reunião em setembro para apresentar uma "evolução concreta".

Contudo, segundo a carta, essa promessa não foi cumprida.

"Desde 3 de julho, nunca mais fomos recebidos", afirmam os lesados, acrescentando que a reunião de setembro "nunca aconteceu" e que desde então só tem havido "silêncio". Os lesados acusam o Governo de Montenegro de falhar com os "compromissos assumidos presencialmente, olhos nos olhos", contrastando com o executivo anterior, que acusam de ter falhado com promessas públicas.

A carta reitera a insatisfação, agradecendo ironicamente "a atenção que não nos foi dada" e "as reuniões que não ocorreram". No final da missiva, os lesados pedem diretamente ao primeiro-ministro que os receba para que as promessas feitas ao longo dos anos sejam finalmente cumpridas.

"Não pedimos privilégios. Pedimos apenas justiça.

E a decência de uma resposta", concluem. Em dezembro de 2019, uma comissão de peritos nomeada pela Ordem dos Advogados validou 2.330 pedidos de indemnização, correspondentes a cerca de 230 milhões de euros, após encontrar "indícios de práticas ilícitas na venda dos produtos financeiros no Banif".