Herança do BES: Lesados Exigem Respostas do Novo Dono do Novobanco



Num email enviado a Nicolas Namias, presidente do grupo francês BPCE, que adquiriu o Novobanco, um grupo de lesados do papel comercial e clientes emigrantes do extinto BES exigiu que a nova administração assuma as suas responsabilidades e proceda à devolução integral das suas poupanças.
Estes lesados não aderiram à solução proposta em 2017, que previa a recuperação parcial do investimento, por discordarem dos seus termos e exigirem o reembolso total dos montantes aplicados.
Os queixosos acusam o Novobanco de manter uma dívida pendente há 11 anos, resultante de compromissos nunca cumpridos pela instituição que sucedeu ao BES. Argumentam que o banco "abusou da confiança dos seus clientes, violando princípios fundamentais de transparência, proteção do cliente bancário e da própria lei", classificando o caso como "a maior fraude bancária cometida dentro de uma instituição financeira na União Europeia". Segundo os lesados, na sequência da resolução do BES, o Banco de Portugal determinou a criação de uma provisão numa conta 'escrow' (um mecanismo de garantia) destinada a assegurar as poupanças destes clientes de retalho. Afirmam que essa provisão foi transferida para o Novobanco com o propósito específico de os reembolsar, mas que, até à data, o compromisso não foi honrado. Salientam que o Novobanco manteve a estrutura, funcionários e instalações do antigo BES, mas recusa-se a assumir as responsabilidades herdadas.
O grupo de lesados recusa "aceitar o branqueamento das responsabilidades do Novobanco" e denuncia ser vítima de discriminação e de uma "incompreensível ausência de jurisprudência efetiva" ao longo de quase 12 anos, período no qual "muitas vidas foram ceifadas e outras destruídas". O BES foi alvo de uma medida de resolução a 3 de agosto de 2014, dando origem ao Novobanco, cuja venda ao grupo BPCE foi acordada em junho por 6,4 mil milhões de euros.














