Oposição critica Governo pela gestão do SNS, focando-se no encerramento de urgências e num alegado plano de desmantelamento



O grupo parlamentar do Livre questionou formalmente o Governo, através da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre os fundamentos técnicos e estratégicos que levaram à decisão de encerrar o serviço de urgência do Hospital Geral de Coimbra, mais conhecido como Hospital dos Covões, e de o converter num Centro de Atendimento Clínico. O partido sublinha que esta unidade hospitalar desempenhou durante décadas um papel fundamental no acesso a cuidados de saúde na região Centro, servindo Coimbra e os concelhos vizinhos com um serviço de urgência de reconhecida capacidade. A decisão, comunicada pela Unidade Local de Saúde de Coimbra, gerou uma “forte preocupação” entre profissionais de saúde, autarcas e utentes.
O Livre considera que a medida representa uma “redução grave da capacidade de resposta” na região, com potenciais impactos na qualidade e segurança dos cuidados, e exige saber que medidas estão previstas para garantir a resposta em urgência e a continuidade das restantes valências do hospital.
Paralelamente, o Partido Comunista Português (PCP), pela voz do seu secretário-geral Paulo Raimundo, teceu críticas mais abrangentes à política de saúde do executivo. Raimundo acusou o Governo de ter um “plano de desmantelamento do SNS”, considerando a ministra da Saúde a “pivô” dessa estratégia.
O líder comunista alertou para o “drama que começa a ser banal” de grávidas darem à luz fora dos hospitais e criticou a proposta orçamental para 2026, afirmando que o suposto aumento da despesa na saúde se destina em grande parte a ser entregue ao setor privado, que “faz da doença o negócio”. Para o PCP, a verdadeira prioridade do Governo não é a que foi anunciada, mas sim “desmantelar serviços e transferi-los para o setor privado”. Para solucionar os problemas do SNS, Paulo Raimundo defende um maior investimento na contratação de profissionais, com a valorização das suas carreiras, salários e perspetivas de progressão, acreditando que tal medida atrairia os médicos para o serviço público. O secretário-geral do PCP criticou a dependência dos serviços de urgência em relação aos chamados “médicos tarefeiros”, considerando que, embora não seja possível terminar com este modelo de forma abrupta sem colapsar os serviços, a “cruzada” da ministra Ana Paula Martins contra estes profissionais não resolve o problema de fundo, que é a falta de atratividade do SNS.

















