Ofensiva diplomática de Lula para desbloquear impasse na COP30



Num movimento inédito, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, regressou a Belém para intervir diretamente nas negociações da 30.ª Conferência das Partes (COP30), a três dias do seu final.
O objetivo da sua intervenção é impulsionar um acordo, nomeadamente em torno de um roteiro para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, o principal ponto de impasse da cimeira. Para tal, Lula da Silva realizou uma série de reuniões com diversos grupos de países. Um dos encontros mais relevantes foi com representantes da União Europeia, no qual Portugal, a par da Alemanha e da França, foi um dos três países da UE convidados a participar. Na reunião estiveram presentes a ministra do Ambiente portuguesa, Maria da Graça Carvalho, o Comissário europeu para o Clima, Wopke Hoekstra, e ministros da Alemanha, França e Dinamarca (em nome da presidência rotativa da UE). O Presidente brasileiro apelou a que o acordo final da cimeira integrasse um calendário negociado para o fim do uso dos combustíveis fósseis, uma proposta que Portugal apoia, preferindo que seja uma decisão formal da conferência em vez de uma declaração à margem.
Além do encontro com os europeus, a agenda de Lula da Silva incluiu reuniões com os países africanos, as pequenas ilhas, o grupo árabe e, numa mesma sala, com China, Indonésia e Índia.
Estavam também previstos encontros com a sociedade civil, povos indígenas e o setor privado.
A presidência brasileira, segundo a ministra portuguesa, está empenhada em obter um resultado que combine a ambição na mitigação das emissões com o apoio à adaptação dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, uma prioridade partilhada por Portugal.
O principal obstáculo à aprovação de um roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis é a oposição dos países produtores de petróleo, nomeadamente do grupo árabe, sendo necessária unanimidade para uma decisão.
A diplomacia brasileira esperava colocar o texto a votação, mas a sua apresentação sofreu sucessivos atrasos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também regressou a Belém para pressionar os negociadores a alcançar um compromisso antes do encerramento da cimeira, previsto para sexta-feira.











