Entre a Cordialidade e a Ameaça: O Paradoxal Contato entre Venezuela e EUA



O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, confirmou publicamente ter mantido uma conversa telefónica com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descrevendo-a como "cordial" e desenvolvida num "tom de respeito".
O contacto terá partido da Casa Branca há aproximadamente dez dias, embora a data exata não tenha sido especificada.
Apesar de ambos os líderes terem optado por não revelar detalhes sobre os temas discutidos, Maduro manifestou a esperança de que esta comunicação represente um passo significativo "em direção a um diálogo respeitoso" entre as duas nações, que não mantêm relações diplomáticas formais desde 2019. O líder venezuelano justificou o seu silêncio inicial sobre o assunto como um ato de "prudência".
Esta aproximação diplomática ocorre num cenário de elevada tensão.
Donald Trump afirmou que as operações militares em torno da Venezuela vão "muito além" de uma campanha de pressão e sugeriu a possibilidade de operações em terra.
Paralelamente, o Pentágono informou ter realizado 21 bombardeamentos contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico no Mar das Caraíbas e no Pacífico, resultando na morte de pelo menos 82 pessoas.
As acusações mútuas persistem: Washington acusa Maduro de liderar o "Cartel dos Sóis", uma "organização terrorista", enquanto Caracas denuncia as tentativas dos EUA de promover uma "mudança de regime" para derrubar o chavismo.
Apesar do clima hostil, a cooperação em matéria de migração continua.
Um voo com 266 venezuelanos deportados chegou dos Estados Unidos, elevando o total de repatriados este ano para 14.407, no âmbito de um acordo bilateral. Contudo, a crise no espaço aéreo agrava-se, com os EUA a emitirem um aviso de "extrema cautela" às companhias aéreas e Trump a declarar a zona "fechada".
Em resposta, a Venezuela revogou a licença de operação a oito companhias internacionais, incluindo a TAP.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Yván Gil, assegurou, no entanto, que o principal aeroporto do país continua a operar "normalmente" e que a soberania sobre o espaço aéreo será defendida.











