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Inteligência Artificial na Literatura: A Visão dos Escritores Lusófonos

A ascensão da Inteligência Artificial está a gerar um intenso debate no mundo literário, com escritores lusófonos a partilharem visões que oscilam entre o ceticismo e a aceitação da IA como uma nova ferramenta.
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No Fólio - Festival Literário Internacional de Óbidos, o escritor angolano José Eduardo Agualusa manifestou-se tranquilo em relação à Inteligência Artificial, defendendo que esta não representa um perigo para os escritores. Segundo Agualusa, "um mau escritor nunca escreverá um bom romance com o recurso à inteligência artificial", mas um bom autor poderá, eventualmente, melhorar a sua obra se souber utilizar a ferramenta. Considera que a IA não substituirá os criadores, pois a sua capacidade de mimetizar o estilo de um escritor resulta, normalmente, em imitações "ridículas". No entanto, reconhece a sua utilidade em tarefas como a correção de textos, exemplificando com a melhoria observada nas crónicas dos jornais angolanos, embora saliente que a IA ainda enfrenta um grande desafio na criação de narrativas longas como o romance. O tema foi também central no XIII Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, na cidade da Praia, em Cabo Verde, onde autores de vários países africanos partilharam os seus receios e perspetivas.

O debate evidenciou a preocupação de que o continente africano não pode ficar para trás nesta revolução tecnológica em curso.

O escritor cabo-verdiano Silvino Lopes Évora afirmou que reconhece facilmente textos gerados por IA e que apenas a utiliza para fins "burocráticos", separando-a da escrita criativa, que vê como uma "expressão da alma". Da Guiné-Bissau, Emílio Tavares Lima apelou à resistência contra a "automatização da mente", defendendo que o papel da literatura é agora "mais importante do que nunca" e deve ser "o algoritmo da humanidade".

Lima alertou ainda para a necessidade de reduzir as assimetrias e garantir que África não fique à margem deste "terramoto".

O angolano Israel Campos adotou uma visão mais crítica, comparando a IA ao imperialismo, que "oprime o oprimido".

Em suma, enquanto alguns autores encaram a IA como um instrumento auxiliar sem capacidade para suplantar a criatividade humana, outros levantam questões mais profundas sobre o seu impacto cultural e geopolítico, sublinhando a importância de preservar a literatura como um bastião da humanidade e de garantir uma participação equitativa de África na nova era digital.

O moçambicano Sérgio Raimundo também participou no encontro na Praia, com uma intervenção humorística.

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