Assinatura do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul é adiada para janeiro



A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que estava prevista para sábado, foi adiada para janeiro.
A decisão representa um revés significativo para um tratado que está a ser negociado há mais de duas décadas e que criaria uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, abrangendo cerca de 780 milhões de consumidores.
A principal causa do adiamento foi a falta de consenso político no seio da UE, impulsionada por protestos violentos em Bruxelas.
Cerca de 10 mil agricultores, com centenas de tratores, bloquearam as ruas da capital belga, manifestando-se contra o que consideram ser a "concorrência desleal" dos produtos agrícolas sul-americanos.
A oposição política foi liderada pela França, com o presidente Emmanuel Macron a insistir que o acordo "não pode ser assinado" nas condições atuais.
A França conseguiu formar uma minoria de bloqueio no Conselho da UE, juntamente com países como Itália, Polónia, Áustria, Hungria e Irlanda, impedindo a aprovação imediata.
Do lado do Mercosul, a reação inicial foi de ultimato. O Brasil, que detém a presidência rotativa do bloco, através do presidente Lula da Silva e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mauro Vieira, advertiu que se o acordo não fosse assinado na data prevista, o bloco sul-americano daria prioridade a negociações com outros parceiros, como Canadá, Reino Unido e Japão. No entanto, após o anúncio do adiamento, Lula da Silva revelou ter conversado com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que pediu "pelo menos um mês" de paciência, um pedido que o presidente brasileiro levará aos restantes membros do Mercosul.
Em contraste com a oposição francesa, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, lamentou o impasse, considerando "muito frustrante" um possível fracasso do acordo e destacando a sua importância geopolítica para a UE.





















