Junta militar de Myanmar realiza eleições controversas em meio a guerra civil e críticas internacionais



Os eleitores em Myanmar foram chamados às urnas este domingo para as primeiras eleições gerais desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi e mergulhou o país numa guerra civil. O escrutínio, organizado pela junta militar que governa o país, é apresentado como um passo para a reconciliação, mas decorre num clima de conflito e é alvo de forte contestação interna e internacional, sendo descrito como uma 'farsa'.
A legitimidade das eleições é amplamente questionada, uma vez que os principais líderes da oposição pró-democracia se encontram presos ou exilados.
A Liga Nacional para a Democracia (LND), partido vencedor das eleições de 2015 e 2020, foi ilegalizada pela junta, e a sua líder e Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, permanece detida desde o golpe.
Consequentemente, espera-se que o Partido da União, da Solidariedade e do Desenvolvimento (USDP), favorável aos militares, vença com uma larga margem.
Vários países ocidentais, as Nações Unidas e defensores dos direitos humanos condenaram o processo, exigindo um processo 'livre, equitativo, inclusivo e credível'.
Apesar das críticas, o chefe da junta, Min Aung Hlaing, assegurou que a eleição é 'livre e equitativa'.
A votação, que constitui a primeira de três fases, não se realizou em pelo menos 56 dos 330 municípios do país, por serem territórios não controlados pelo exército.
Além disso, a participação dos cidadãos residentes no estrangeiro foi extremamente limitada, com menos de 6.000 dos 4,3 milhões de expatriados com direito a voto.
A afluência nas primeiras horas em Rangum, a maior cidade do país, foi relatada como escassa.
Os eleitores enfrentaram um sistema de votação eletrónica que, segundo relatos, apenas aceitava boletins com um dos partidos pré-aprovados pelos militares, impossibilitando votos de protesto.
A junta militar rejeitou as acusações de violações de direitos humanos, afirmando ser 'irrelevante se a comunidade internacional está satisfeita ou não'.

















