Ministro da Educação gera polémica ao associar estudantes carenciados à degradação de residências



O Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, gerou controvérsia ao afirmar que as residências universitárias se degradam mais rapidamente por serem ocupadas maioritariamente por estudantes de meios mais desfavorecidos.
A declaração foi feita esta terça-feira, em Lisboa, durante a apresentação do novo modelo de ação social para o ensino superior.
Segundo o ministro, para evitar a degradação das instalações, as residências públicas deveriam acolher estudantes de diversos estratos sociais, tornando-se espaços de integração e bem-estar. Fernando Alexandre revelou ter proposto inicialmente um modelo que atribuiria o mesmo valor de apoio ao alojamento a todos os estudantes deslocados numa cidade, dando-lhes liberdade para escolher entre residências públicas ou o setor privado. A intenção era acabar com o "estigma" de que as residências são apenas para bolseiros. No entanto, a proposta foi rejeitada por reitores e presidentes de politécnicos, que recearam a concorrência com o setor privado e a possibilidade de ficarem com quartos vagos.
Face à oposição, o Governo recuou.
O novo modelo prevê valores de bolsa distintos para quem fica em residência pública e para quem arrenda no privado, sendo que os bolseiros terão de concorrer sempre primeiro às vagas públicas.
As declarações do ministro motivaram uma forte reação do Partido Socialista.
O líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, considerou as palavras "discriminatórias" e "preconceituosas", afirmando que Fernando Alexandre "deixou de ter condições de ser ministro" caso não se retrate. O ministério apresentou também outras novidades, como uma nova fórmula de cálculo das bolsas que terá em conta o "custo real" de estudar em cada concelho.
A bolsa máxima anual deverá passar para 8.177 euros. Foi ainda anunciado um apoio extra anual de 1.045 euros para estudantes que no secundário beneficiavam do escalão A do abono de família.
As novas regras deverão entrar em vigor no próximo ano letivo, no qual estarão disponíveis mais 11 mil camas.
















