Estratégia Económica de Portugal: Entre a Procura de Investimento Saudita e o Desafio da Energia Offshore



O ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, lidera uma comitiva a Riade, composta por mais de 50 empresas portuguesas e pelos secretários de Estado da Economia e da Energia, com o objetivo de reforçar as relações económicas e promover o investimento entre Portugal e a Arábia Saudita. A visita, que decorre entre domingo e segunda-feira, inclui a participação num Fórum de Negócios e Investimento ao lado do homólogo saudita, Faisal bin Fadhil Alibrahim, a 7.ª reunião da comissão bilateral mista e um encontro com o vice-ministro da Indústria e dos Recursos Naturais saudita. A agenda contempla ainda a inauguração de um 'showroom' com 19 marcas portuguesas dos setores da casa e joalharia.
Esta iniciativa surge na sequência de uma visita em outubro do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que destacou o interesse mútuo em áreas como as energias renováveis e a construção.
Paralelamente a esta ação diplomática, em Portugal decorre um debate estratégico sobre o futuro energético do país, focado no potencial da energia eólica offshore.
Durante o XV Congresso de Construção Metálica Mista, especialistas do setor convergiram na ideia de que Portugal possui condições geográficas excelentes para se tornar um líder nesta área. No entanto, alertaram para a falta de uma estratégia governamental de longo prazo, de investimento massivo e de infraestruturas adequadas, como portos capazes de acomodar as gigantescas plataformas necessárias. A discussão foi acentuada por uma declaração recente da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, que considerou a produção de energia eólica offshore "muito longe" de ser economicamente viável, gerando preocupação no setor.
Os especialistas sublinharam que, sem um planeamento consequente e decisões políticas claras, Portugal arrisca-se a perder esta oportunidade para potências como as asiáticas, que já dominam o setor, ou mesmo para vizinhos como a Espanha, que realiza investimentos estratégicos a longo prazo nas suas infraestruturas portuárias. Foi defendido que o país deve aprender com as experiências de nações como a França, Noruega e Escócia. A falta de uma estratégia clara não só compromete a independência energética e a reindustrialização do país, como também agrava a fuga de talentos, forçando os engenheiros formados em Portugal a procurar oportunidades no estrangeiro.
O apelo geral foi para que o Governo trabalhe com a indústria para desenvolver políticas específicas e não conjunturais, evitando a dependência externa e aproveitando as vantagens naturais do país.







