
Moda como Motor de Desenvolvimento Económico e Cultural



Uma investigação conduzida por Maria Nascimento Cunha, do Instituto Superior Miguel Torga em Coimbra, concluiu que a moda funciona como um motor para as economias locais, atraindo turistas com maior poder de compra. De acordo com o estudo, os visitantes que viajam para participar em semanas da moda e desfiles internacionais gastam, em média, 30% mais do que os outros turistas, com despesas que ultrapassam os mil dólares por viagem. A investigadora sublinha que o turismo de moda deve ser visto como um "catalisador de desenvolvimento urbano, cultural, social e económico", com capacidade para transformar e dar nova relevância aos destinos. A pesquisa, que inquiriu turistas em Portugal e Espanha, revelou que os conteúdos visuais de qualidade, como imagens e narrativas associadas à moda, são responsáveis por 60% do nível de envolvimento dos viajantes com os destinos. Eventos de grande dimensão, como as semanas da moda de Paris ou Milão, chegam a gerar um aumento de cerca de 15% nas receitas turísticas nos meses seguintes.
Segundo Maria Nascimento Cunha, uma comunicação visual sofisticada cria uma ligação emocional que incentiva os turistas a prolongar a estadia, a regressar e a explorar o património e a cultura local.
O perfil do turista de moda é predominantemente feminino (dois terços), com a faixa etária dominante entre os 30 e os 39 anos, um público muito ativo em redes sociais.
Este dado reforça a importância de estratégias digitais e experiências imersivas.
O estudo, co-assinado pelo investigador ucraniano Oleksandr P. Krupskyi, faz parte de um capítulo do livro "Indústria da Moda e Estratégia Turística: Transformar Destinos e Moldar Experiências".
Além do impacto económico, a investigação aponta o turismo de moda como uma estratégia para revitalizar cidades emergentes, reduzir a sazonalidade e projetar a identidade cultural local. No entanto, a autora alerta para os riscos do consumismo e para a pegada ambiental do setor, defendendo que o futuro passa por alinhar estes eventos com práticas responsáveis como a "slow fashion", a economia circular e a valorização do artesanato.
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