Realizador Manuel Faria de Almeida morreu aos 91 anos



O cineasta e realizador Manuel Faria de Almeida morreu no passado domingo, em Lisboa, aos 91 anos.
O seu nome ficou indelevelmente ligado à história do cinema português como o autor de "Catembe" (1965), a obra cinematográfica mais censurada durante o regime do Estado Novo.
O filme foi alvo de 103 cortes impostos pela censura da época, o que impediu a sua estreia comercial e o transformou num poderoso símbolo da repressão à liberdade artística e de expressão em Portugal. Esta obra dilacerada pela censura, contudo, solidificou o seu estatuto como uma voz de resistência. Apesar de "Catembe" ser a sua obra mais emblemática, a carreira de Manuel Faria de Almeida foi multifacetada e influente.
Foi uma das figuras centrais do movimento do Cinema Novo português, que procurou renovar a linguagem cinematográfica nacional.
A sua visão estendeu-se para além da realização, tendo assumido importantes cargos de gestão no setor audiovisual.
Foi diretor de programas na RTP, a televisão pública portuguesa, e desempenhou um papel pioneiro como fundador da Televisão de Macau, expandindo a produção televisiva em língua portuguesa. O seu legado e a sua importância para a cultura portuguesa foram oficialmente reconhecidos em 2023, ano em que foi distinguido pelo Governo com a Medalha de Mérito Cultural. Após a notícia do seu falecimento, a Academia Portuguesa de Cinema prestou-lhe homenagem, destacando a sua "relação exigente com o cinema enquanto espaço de observação, questionamento e liberdade", uma citação que resume a sua abordagem artística e intelectual.
O funeral do realizador está marcado para esta terça-feira, na cidade de Lisboa.






