Mariana Mortágua justifica gesto polémico no parlamento como um símbolo da cultura rock



A deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, está no centro de uma polémica parlamentar após ter dirigido um gesto ao líder da bancada do CDS-PP, Paulo Núncio, que foi considerado "grosseiro" pelos democratas-cristãos.
O gesto, que consistiu em levantar a mão direita com o punho fechado e os dedos indicador e mindinho estendidos, levou o CDS a apresentar uma queixa.
Em resposta, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, solicitou à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves", considerando que os factos poderiam configurar uma violação dos deveres dos deputados.
Na sessão plenária seguinte, Mariana Mortágua pediu a palavra para justificar a sua ação, afirmando que o gesto foi mal interpretado.
A deputada lamentou a "confusão na interpretação" e explicou que se tratava de "um símbolo cultural rock", associado a orgulho e força, e não o símbolo de "cornos" ligado à tauromaquia. Mortágua sugeriu que o "enquadramento cultural e simbólico" de Paulo Núncio, que descreveu como um aficionado de touradas, poderá ter levado à sua interpretação errada, e reforçou que em 12 anos de mandato nunca faltou ao respeito a ninguém.
A justificação não foi suficiente para acalmar os ânimos.
Paulo Núncio insistiu na queixa, defendendo que deve haver o mesmo tratamento para a extrema-esquerda e para a extrema-direita em casos semelhantes.
Pela bancada do Chega, a deputada Rita Matias acusou o parlamento de ter uma "dualidade de critérios". As intervenções levaram José Pedro Aguiar-Branco a intervir por duas vezes para cortar a palavra a Rita Matias e, mais tarde, ao próprio Paulo Núncio, que acusou Mortágua de "estar a dar música".
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, tentou serenar a situação, referindo que Mortágua "já tinha pedido desculpa pela interpretação errada do seu gesto".
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, salientou que, com um inquérito em curso, não se pronunciaria sobre o caso concreto. No entanto, aproveitou para reforçar os princípios que devem reger o debate, como a urbanidade e o respeito, afirmando que lhe compete fazer um reparo ou advertência quando a forma de um deputado se expressar não prestigia o parlamento.



















