Ativos Russos Congelados: Moscovo Ameaça Retaliação e Expõe Divisões na UE



A diplomacia russa, através da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, anunciou que está a preparar um “pacote de contramedidas” contra a União Europeia. A ameaça surge em resposta a uma proposta da Comissão Europeia para financiar um empréstimo de 140 mil milhões de euros para reparações de guerra à Ucrânia, utilizando os lucros gerados pelos cerca de 210 mil milhões de euros em ativos estatais russos congelados no bloco.
Moscovo classifica a potencial medida como “roubo” e “confiscação”, garantindo que “qualquer ação ilegal” não ficará sem resposta.
A proposta europeia enfrenta, no entanto, obstáculos significativos dentro da própria UE.
A Bélgica, onde está sediada a instituição financeira Euroclear, que detém a maior parte destes fundos, expressou sérias dúvidas sobre a legalidade do plano e alertou para o risco de o país ir à bancarrota, exigindo garantias de partilha de responsabilidades. A Rússia já dirigiu avisos diretos a Bruxelas, afirmando que terá de “prestar contas de forma nada fácil”.
A Hungria, liderada por Viktor Orbán, também se opõe à medida, alertando para “consequências imprevisíveis”, como o colapso do euro.
As críticas estendem-se às mais altas instituições financeiras do bloco.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, advertiu que apoiar um empréstimo garantido por estes ativos violaria a legislação comunitária e poderia comprometer a estabilidade financeira da zona euro.
Lagarde lembrou que a Euroclear gere uma carteira de 40 biliões de euros, e qualquer movimento brusco poderia ter repercussões sistémicas.
Mesmo que os líderes europeus aprovem a proposta, a sua implementação não seria imediata, com os serviços da Comissão a apontarem para o segundo trimestre de 2026.
Segundo o plano, Kyiv só teria de devolver o empréstimo se, no final do conflito, a Rússia não compensasse financeiramente a Ucrânia pelos danos da invasão.
Entretanto, o parlamento russo já havia solicitado ao seu primeiro-ministro a preparação de um plano de resposta, incluindo medidas legais contra a Bélgica e a Euroclear, intensificando o impasse político e financeiro.



