O Duplo Impacto da IA: Oportunidades e Desafios para o Futuro de Portugal



Um estudo para a Fundação Francisco Manuel dos Santos revela que a implementação da IA e da automação no setor privado português resultará em vencedores e perdedores. Mais de 20% do emprego encontra-se em "profissões em ascensão", tipicamente altamente qualificadas e com competências interpessoais e criativas, que beneficiam da complementaridade com a IA e estão protegidas dos seus efeitos de substituição.
Estas profissões poderão ver os seus rendimentos aumentar consideravelmente.
Em contrapartida, quase 30% dos trabalhadores estão em "profissões em colapso", com alta exposição à automação e pouca capacidade de beneficiar da IA.
Entre estas, destaca-se a profissão com o maior número de pessoas no setor privado, a de trabalhadores ligados às vendas, que representa mais de 5% do emprego total. Estes trabalhadores enfrentam riscos de obsolescência tecnológica, baixos salários e desemprego.
Esta divisão ameaça agravar a desigualdade económica, um alerta também feito por Daniela Braga, CEO da Defined.ai, nos Encontros de Cascais.
O impacto é também geograficamente desigual.
Distritos com forte presença de indústrias de baixa intensidade tecnológica, como Braga, Aveiro e Viana do Castelo, apresentam maior vulnerabilidade à automação.
Em contraste, o distrito de Lisboa, focado em serviços intensivos em conhecimento, está mais protegido, o que pode aprofundar os desequilíbrios regionais existentes.
Para mitigar estes riscos, propõe-se a requalificação dos trabalhadores, com foco em competências interpessoais, e a exploração de políticas fiscais, como "impostos sobre robôs", para financiar a segurança social. Simultaneamente, a IA já se manifesta em ferramentas práticas para o quotidiano dos portugueses.
Um exemplo é o Evaristo.ai, um assistente virtual soberano e desenvolvido em Portugal para ajudar os cidadãos a navegar nos portais do Estado, garantindo a privacidade dos dados.
Outras aplicações incluem ferramentas para otimizar compras ou para ajudar candidatos a emprego.
A discussão sobre a IA abrange ainda uma dimensão humanista, como debatido em universidades católicas, sublinhando a necessidade de uma abordagem estratégica e inclusiva para garantir que o progresso tecnológico beneficie toda a sociedade.














