De Pontes Globais a Coesão Local: A Dupla Estratégia de Portugal na Afirmação Internacional



O EuroAmericas Fórum, promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, destaca-se como uma plataforma para reforçar o eixo atlântico, posicionando Portugal como um facilitador de diálogo entre a Europa e as Américas. Segundo António Calçada de Sá, presidente do Conselho, a diáspora portuguesa qualificada é "um ativo valiosíssimo, hoje subvalorizado".
A segunda edição do fórum, a decorrer em Carcavelos, centra-se no tema da longevidade, encarada não apenas na sua dimensão biológica, mas como uma oportunidade económica para o século XXI, impulsionando áreas como a biotecnologia, a saúde e a sustentabilidade empresarial.
O objetivo é consolidar o evento como um espaço de convergência interdisciplinar e gerar parcerias estratégicas concretas. O Conselho da Diáspora Portuguesa atua como um instrumento de "soft power" e diplomacia económica, canalizando o capital humano e relacional dos portugueses no estrangeiro para apoiar a internacionalização de empresas nacionais, especialmente PME. Sob a liderança de Calçada de Sá, a rede expandiu-se com a criação de "Núcleos Regionais", "Centros de Competência" e a "Diáspora Jovem", que visa envolver expatriados com menos de 35 anos.
A missão é transformar a influência da diáspora em impacto económico e social, abrindo portas a negócios, investimentos e cooperação tecnológica.
Numa escala mais local, mas igualmente ligada a uma rede externa, a campanha "A Europa na Minha Região" ilustra o impacto da política de coesão da União Europeia no desenvolvimento de territórios como o Alentejo. Um evento na Vidigueira reuniu representantes da Comissão Europeia, do programa regional Alentejo 2030 e do poder local para demonstrar como os fundos europeus se traduzem em melhorias concretas na vida dos cidadãos.
A iniciativa, que decorre até 12 de dezembro, visa combater o desconhecimento sobre a ação da UE, que, segundo um inquérito, afeta 40% dos cidadãos europeus.
A política de coesão, descrita por Luís Loureiro de Amorim, da Comissão Europeia, como um "conceito revolucionário" baseado na solidariedade entre os 27 Estados-Membros, permitiu financiar projetos estruturantes na Vidigueira, como o Mercado Municipal, o Centro de Saúde e o Parque Verde Urbano.
Tiago Teotónio Pereira, do Alentejo 2030, destacou que estes investimentos "transformaram sonhos em oportunidades" e apontou o projeto do Alqueva como um dos maiores exemplos do impacto dos fundos europeus na região.
O autarca Ricardo Bonito sublinhou a importância deste apoio para os concelhos de baixa densidade, afirmando que a Europa "constrói-se sobretudo" nestas pequenas comunidades.
Ambas as iniciativas, embora de natureza distinta, refletem uma estratégia de desenvolvimento que depende da articulação de Portugal com o exterior. Enquanto o EuroAmericas Fórum projeta o país como uma plataforma de diálogo global, a campanha no Alentejo demonstra os benefícios tangíveis da integração europeia para a coesão territorial. A preocupação em "não deixar nenhuma terra para trás", expressa por Teotónio Pereira, reforça a necessidade de um desenvolvimento equilibrado para contrariar a "geografia do descontentamento", um objetivo partilhado tanto pelas políticas de coesão como pela visão de um país mais forte através das suas redes globais.


















