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Violência doméstica. Dois em cada três homens não pedem ajuda
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Violência contra Homens: Um Fenómeno Crescente e Silencioso
O número de homens vítimas de violência a procurar ajuda tem vindo a aumentar, mas a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) alerta que por cada denúncia existem pelo menos duas outras vítimas que permanecem em silêncio.
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Entre 2022 e 2024, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou 10.261 homens vítimas de violência, um aumento superior a 23% em relação aos três anos anteriores.
Segundo Daniel Cotrim, psicólogo e assessor da direção da APAV, este crescimento reflete uma maior consciencialização, mas os números representam apenas uma fração da realidade.
Estima-se que por cada homem que pede ajuda, pelo menos outros dois não denunciam, o que poderia elevar o número real de vítimas para mais de 30.700.
A violência doméstica é o crime mais reportado, com 11.906 registos, seguido por ofensas à integridade física (885) e ameaças/coação (731).
Os dados revelam ainda 331 crimes de abuso sexual de crianças. O perfil da vítima é maioritariamente de homens adultos entre os 18 e os 64 anos (40,6%), seguindo-se crianças e jovens até aos 17 anos (34,7%).
Na maioria dos casos, o agressor tem uma relação de proximidade com a vítima, sendo um progenitor, parceiro íntimo ou filho.
A principal barreira à denúncia reside em estereótipos de género e na masculinidade tóxica.
A sociedade, segundo Cotrim, associa de forma errada a condição de vítima à fragilidade, algo que não é socialmente atribuído aos homens. A vergonha, o medo do julgamento e a perceção de que o sistema de justiça tem preconceitos dificultam o pedido de ajuda.
Esta realidade explica por que motivo 36,6% das vítimas sofrem violência continuada e a demora em denunciar: 29,8% das vítimas levam entre dois e seis anos a procurar apoio, e 10,9% necessitam de doze anos ou mais.
Para o futuro, a APAV defende a continuidade do investimento na educação para a igualdade de género nas escolas, a desconstrução de preconceitos sobre a figura masculina como vítima e o combate a discursos de misoginia, cada vez mais acessíveis aos jovens.
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