Desmistificar a Menopausa: Saúde, Tabus e Bem-Estar



A menopausa é clinicamente definida pela ausência de menstruação durante 12 meses consecutivos, marcando o fim da fertilidade.
Contudo, a fase de perimenopausa pode antecedê-la, trazendo já sintomas como afrontamentos, perturbações do sono, secura das mucosas e alterações de humor, mesmo que ainda existam ciclos menstruais irregulares.
Estes sintomas, resultantes da diminuição de estrogénios, podem impactar significativamente o bem-estar físico, emocional e social.
A saúde mental é uma área particularmente afetada, com um aumento do risco de ansiedade e depressão, especialmente em quem já teve episódios prévios. Para além do desconforto, a menopausa acarreta riscos de saúde a longo prazo.
A queda hormonal aumenta a probabilidade de desenvolver osteoporose, doenças cardiovasculares e diabetes.
A ginecologista Lisa Vicente alerta que sintomas como afrontamentos intensos e despertares noturnos frequentes constituem, por si só, um fator de risco cardiovascular, comparável à hipertensão ou ao tabagismo.
A prevenção, através de cuidados com a saúde óssea e geral ao longo da vida, é crucial para mitigar estes riscos.
O tratamento dos sintomas é uma opção que visa melhorar a qualidade de vida.
A terapêutica hormonal, embora rodeada de mitos, é eficaz na prevenção da osteoporose e pode ter um efeito protetor a nível cardiovascular em mulheres mais jovens (entre os 50 e os 59 anos).
O risco de cancro da mama associado é considerado pequeno e dependente de fatores individuais.
Atualmente, a investigação foca-se também em tratamentos não hormonais que atuam na origem dos sintomas, a nível do hipotálamo. É importante salientar que a terapêutica não se destina a todas as mulheres, mas apenas àquelas cujos sintomas afetam o seu bem-estar.
O estigma social continua a ser uma barreira, associando a menopausa ao "fim da feminilidade" e levando muitas mulheres a viver esta fase em isolamento.
Iniciativas como a campanha "Menopáginas" procuram combater este silêncio, promovendo a sensibilização coletiva.
Adotar um estilo de vida saudável, com exercício físico regular, uma alimentação equilibrada e cuidados com o sono, é fundamental. O acompanhamento médico é essencial para uma abordagem personalizada e para desmistificar dúvidas, permitindo que esta fase de transformação seja vivida com mais confiança.
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