Hong Kong: Entre a Investigação da Tragédia e a Repressão da Crítica



Um incêndio que deflagrou na passada quarta-feira no complexo residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, provocou pelo menos 151 mortos e 79 feridos.
Investigações preliminares apontam que o complexo, que se encontrava em obras de manutenção, continha materiais de construção que não cumpriam as normas de segurança contra incêndios. Exames periciais a redes utilizadas no exterior do edifício revelaram que sete em cada vinte amostras recolhidas não cumpriam as normas de resistência ao fogo, e que o material aprovado só foi instalado nos pisos térreos. Em resposta à tragédia, o chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, anunciou a criação de uma comissão de inquérito independente, presidida por um juiz, para investigar as causas do incêndio, propor alterações estruturais e garantir que os culpados sejam responsabilizados. Paralelamente, a polícia de Hong Kong abriu uma investigação por homicídio culposo que resultou na detenção de 13 pessoas, sendo 12 homens e uma mulher, relacionadas com irregularidades nas obras. O governo assegurou que as eleições legislativas serão realizadas na data prevista, afirmando que os futuros deputados serão parceiros na supervisão de políticas para evitar novas catástrofes.
Contudo, a resposta das autoridades incluiu também a repressão de vozes críticas.
Pelo menos três pessoas foram detidas por alegadas violações da lei de segurança nacional, acusadas de "explorar a tragédia para incitar ao ódio e criar instabilidade".
Entre os detidos estão um estudante universitário de 22 anos que iniciou uma petição online a pedir uma investigação independente, o ex-conselheiro distrital Kenneth Cheung Kam-hung e um voluntário que ajudava as vítimas.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou a situação, instando as autoridades a cessarem a repressão e a retirarem as acusações.
A HRW referiu que os residentes do complexo já tinham apresentado queixas sobre a empresa de manutenção e os materiais de construção, que foram ignoradas.
O Gabinete para a Salvaguarda da Segurança Nacional advertiu que "indivíduos antichineses e mal-intencionados" que se aproveitem da tragédia serão punidos.
















