Clima em Extremos: Aquecimento Global Anula Efeito La Niña e Intensifica Variações Súbitas de Temperatura



A Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que as temperaturas se mantenham acima do normal em grande parte dos hemisférios norte e sul entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026. Esta previsão surge apesar de uma probabilidade de 55% de se manifestar um fenómeno La Niña, caracterizado pelo arrefecimento periódico das águas superficiais do Oceano Pacífico, que habitualmente tem um efeito de arrefecimento temporário nas temperaturas médias globais. A OMM sublinha que, mesmo com a presença do La Niña, o impacto das alterações climáticas induzidas pelo homem continua a ser dominante, resultando em temperaturas mais elevadas do que a média em muitas regiões.
Paralelamente, uma investigação publicada na revista Nature Climate Change destaca outro efeito preocupante do aquecimento global: a intensificação das variações extremas da temperatura entre dias consecutivos.
O estudo demonstra que, desde a década de 1960, as alterações de temperatura tornaram-se mais frequentes e intensas nas baixas e médias latitudes. Estas flutuações abruptas, definidas como uma diferença de temperatura entre dois dias consecutivos que excede o percentil 90, são um aspeto das alterações climáticas que tem sido amplamente ignorado, mas com impactos consideráveis.
A análise aponta para uma aceleração drástica da instabilidade climática.
Eventos de variação extrema de temperatura que, no período entre 1950 e 1985, tinham um período de retorno de 1.000 a 3.000 anos, tornaram-se significativamente mais frequentes entre 1986 e 2021, passando a ocorrer, em média, a cada 40 a 60 anos. Exemplos recorde foram registados em 2022 no leste da China, com uma anomalia de 22,9 °C, e no oeste dos EUA, com 20,3 °C.
Estas rápidas flutuações de temperatura representam riscos significativos para a saúde humana, podendo causar stress cardiovascular e enfraquecer o sistema imunitário.
Além disso, ameaçam a produtividade agrícola, sobrecarregam as infraestruturas energéticas e afetam negativamente os ecossistemas.
As conclusões do estudo servem como um alerta para a necessidade de adaptar as estratégias de avaliação de risco e as políticas públicas a uma nova realidade climática, marcada por uma crescente imprevisibilidade e por eventos extremos mais severos e frequentes.













