Memórias de África, Desafios da Diáspora: Portugal perante a sua História Migratória



O podcast "A História Repete-se" abordou o fenómeno dos "retornados", convidando a jornalista e editora Marta Martins Silva, autora das obras “Retornados” e “África para sempre minha”.
A conversa, conduzida por Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho, focou-se nas histórias dos mais de 500 mil portugueses que, há 50 anos, foram forçados a partir de Angola e Moçambique, deixando quase tudo para trás para começar de novo.
Ilustrando a vida portuguesa em África nesse período, uma das narrativas mencionadas é a de Jorge Jardim Gonçalves, fundador do BCP, e da sua mulher, Maria da Assunção, que se casaram e viveram em Angola durante a guerra. Em paralelo com estas memórias históricas, discute-se a responsabilidade contemporânea de Portugal para com a sua diáspora e as políticas migratórias. Um artigo de opinião de Nuno Pereira da Silva destaca a reciprocidade migratória com Angola, que acolhe aproximadamente 200.000 portugueses, enquanto Portugal recebe cerca de 60.000 angolanos, um dado recordado pela TPA em resposta a André Ventura.
A diáspora portuguesa é vasta, com comunidades significativas em Moçambique (41.344), Brasil (estimativas entre 393 a 513 mil) e nos EUA (mais de 1,4 milhões com ascendência portuguesa), sendo considerada essencial para o "Soft Power" do país.
O autor defende que a política migratória deve ser rigorosa, mas isenta de xenofobia, alertando que discursos populistas podem fragilizar os cidadãos portugueses no exterior.
Pereira da Silva traça um paralelo entre a xenofobia e formas modernas de escravidão, argumentando que negar a humanidade dos migrantes legitima a sua exploração.
Apela-se, por isso, a políticas coerentes e justas que estejam à altura das responsabilidades históricas de Portugal, um país com uma longa história de emigração e que foi pioneiro na reflexão crítica sobre o seu passado, incluindo o envolvimento na escravatura.




