Isolamento Aéreo na Venezuela: O Desespero de Quem Quer Partir



A situação do transporte aéreo na Venezuela agravou-se significativamente após a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos ter instado, a 21 de novembro, as companhias aéreas a terem “extrema cautela” ao sobrevoar o país. Em retaliação, o governo venezuelano, através do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC), revogou as licenças de operação de várias transportadoras internacionais, acusando-as de “aderirem às ações de terrorismo” promovidas por Washington.
Entre as companhias afetadas encontram-se a TAP, Iberia, Air Europa, Avianca, Turkish Airlines e Gol.
A esta lista juntaram-se outras, como a Copa Airlines, que suspendeu voos após detetar intermitências nos sinais de navegação, um problema reportado por várias empresas desde setembro.
Este bloqueio autoimposto pelo regime venezuelano, somado às restrições dos EUA, gerou um clima de desespero entre os passageiros que pretendem sair do país.
Com a aproximação do Natal, muitos portugueses e venezuelanos sentem uma mistura de raiva e descontentamento, pressionando as agências de viagens por alternativas que são cada vez mais escassas e sem garantias. As tentativas de encontrar voos para destinos próximos como Colômbia, Curaçau, México ou Brasil têm tido pouco sucesso, pois as poucas companhias que ainda operam estão a reduzir os seus serviços por razões de segurança.
Perante a falta de voos, alguns passageiros consideram alternativas terrestres arriscadas.
Uma das opções é uma viagem de quase 36 horas e mais de 1.000 quilómetros por estrada entre Caracas e Bogotá, na Colômbia, um percurso que atravessa zonas montanhosas e sinuosas e que suscita receios de segurança.
Uma outra alternativa, com menor procura, é viajar para sudeste, em direção ao Brasil.
Este trajeto implica um voo doméstico até Santa Elena de Uairén, seguido de uma viagem por terra de mais de 250 quilómetros até Boa Vista, onde é possível apanhar um voo para Manaus, enfrentando estradas com manutenção irregular. A tensão subjacente a esta crise é o conflito político entre Washington e Caracas, exacerbado pelo envio de tropas norte-americanas para as Caraíbas, uma ação que a Venezuela considera uma “ameaça”.












