Raízes da Memória: Projeto do Politécnico de Viana do Castelo Resgata Património Genético das Maçãs do Minho



O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), através da sua Escola Superior Agrária (ESA), está a coordenar o “Programa de Conservação e Melhoramento Genético Vegetal de Macieiras”. Este projeto nacional, liderado pelo docente e investigador Raul Rodrigues, tem como principal objetivo preservar e valorizar as variedades regionais de macieiras do Minho.
A iniciativa foca-se na caracterização de 100 variedades de maçãs, que são consideradas heranças vivas e parte integrante do património agrícola e cultural da região. Com uma duração de três anos e um investimento de 100 mil euros, o programa prevê a análise de dezenas de parâmetros para cada uma das 100 variedades a serem registadas. As atividades incluem também a recolha de novas amostras no terreno, a análise agronómica e biomolecular de 150 acessos e a manutenção das coleções já existentes. Raul Rodrigues, que investiga esta área há mais de uma década no Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade (CISAS-IPVC), descreve o trabalho como uma forma de “compreender o território e a sua identidade através das árvores que o moldaram”. O projeto conta com a parceria da Comissão de Coordenação da Região Centro (CCDR-C) e do Banco Português de Germoplasma Vegetal do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (BPGV/INIAV). A ESA-IPVC destaca-se por ser a única instituição de ensino superior em Portugal a possuir uma coleção viva de variedades de macieiras, que atualmente conta com 106 variedades. A investigação realizada será integrada no sistema internacional GRIN-Global, a mais importante rede mundial de conservação de recursos genéticos vegetais, conferindo prestígio e visibilidade internacional ao trabalho da instituição.
Para além da vertente científica, o projeto possui um forte cariz cultural.
Raul Rodrigues afirma que preservar estas macieiras é “preservar o nosso património”, pois são “memórias com raízes que contam histórias e nos tornam únicos”.
O investigador salienta ainda que as variedades tradicionais, muitas vezes esquecidas, possuem características únicas de adaptação, sabor e resistência que podem ser fundamentais para o futuro da fruticultura nacional, reforçando o papel do IPVC na defesa da biodiversidade agrícola portuguesa.