A Expansão do Domínio Armado: Quatro Milhões de Pessoas Vivem Sob Controlo de Grupos Criminosos no Rio de Janeiro



Pelo menos quatro milhões de habitantes do Rio de Janeiro, correspondendo a 34,9% da população da cidade, residem atualmente em áreas controladas por grupos armados. Este número reflete um aumento de 59,4% na área dominada por estas organizações criminosas desde 2007, que agora equivale a 18,1% da superfície urbana habitada.
A informação consta de um estudo divulgado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em conjunto com a organização não governamental Fogo Cruzado. A área metropolitana do Rio de Janeiro, com sete milhões de habitantes, é uma das mais violentas do Brasil, palco de confrontos constantes entre fações rivais de traficantes, milícias e as forças policiais, que disputam o controlo de territórios. Um exemplo da violência extrema foi uma operação policial recente no conjunto de favelas de Penha e Alemão, que resultou na morte de 122 pessoas, incluindo cinco polícias, tornando-se a mais letal registada no país.
O estudo identifica dois ciclos principais na expansão destes grupos.
Num primeiro momento, verificou-se um forte crescimento das milícias, grupos formados por polícias e ex-polícias que, sob o pretexto de combater o narcotráfico, passaram a controlar serviços como transporte clandestino, venda de gás e sinais piratas de internet e televisão. Numa segunda fase, mais recente, assistiu-se a um avanço significativo das organizações de traficantes de droga, com destaque para o Comando Vermelho, que tem vindo a conquistar territórios de grupos rivais. Em 2024, as milícias dominavam a maior extensão territorial, com 201 quilómetros quadrados, o que representa 49,4% de toda a área controlada por grupos armados. No entanto, o Comando Vermelho, apesar de atuar numa área menor, detinha o controlo sobre um maior número de pessoas: cerca de 1,6 milhões de habitantes, ou 47,2% da população total a viver nestas zonas.
Nos últimos anos, esta fação criminosa conquistou territórios estratégicos que pertenciam ao seu rival Amigos dos Amigos (ADA), como as favelas da Rocinha e do Vidigal.











