Europa Tecnológica: Entre a Ambição Recorde e os Triliões em Risco



O ecossistema tecnológico europeu atingiu um valor recorde de quase 4 biliões de dólares, equivalente a 15% do PIB do continente, com o otimismo entre fundadores e investidores a alcançar o seu ponto mais alto da última década. De acordo com o relatório “The State of European Tech 2025”, elaborado pela Atomico, a Europa conta com quase 40.000 empresas tecnológicas financiadas, um aumento significativo face às menos de 10.000 em 2016.
Este cenário positivo leva 42% dos inquiridos a considerar que é mais atraente fundar uma startup na Europa hoje do que há um ano. Apesar do crescimento, a Europa enfrenta desafios estruturais que a impedem de realizar todo o seu potencial. Um dos principais obstáculos é a lacuna de financiamento para empresas em fase de crescimento, estimada em 375 mil milhões de dólares desde 2015. Os fundos de pensões europeus, que gerem 9 biliões de dólares em ativos, alocam apenas 0,01% ao capital de risco, um valor muito inferior ao dos seus homólogos norte-americanos.
Adicionalmente, o ambiente regulatório é visto como demasiado restritivo por quase 70% dos fundadores, que apontam a fragmentação do mercado e as regulamentações laborais como barreiras à expansão.
A atração e retenção de talento são cruciais. Embora o número de profissionais de tecnologia na Europa tenha crescido para 4,6 milhões e 81% dos fundadores de IA permaneçam no continente, cerca de 30% das empresas em fase avançada acabam por sediar-se fora da Europa, principalmente nos EUA. Para combater esta fuga de cérebros, o estudo propõe a criação de um regime de vistos "único e rápido" para atrair talento global e facilitar a mobilidade de fundadores e trabalhadores qualificados dentro das fronteiras europeias. O relatório sublinha a necessidade de uma cultura de risco mais forte, semelhante à dos EUA, onde apenas 20% das empresas europeias colaboram com startups, contra 50% nos EUA.
Em Portugal, o otimismo é moderado, com 35% dos inquiridos mais otimistas que no ano anterior.
O país gerou um novo unicórnio em 2025, a Tekever, mas prevê-se uma ligeira descida no investimento captado, para 230 milhões de dólares. No entanto, Portugal está a posicionar-se como um hub para centros de dados, com um projeto para uma gigafábrica de IA avaliada em 4 mil milhões de euros.












