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Adoção de IA em Portugal: Oportunidade e Perceção num Cenário de Desigualdade Global

Portugal destaca-se no cenário europeu e mundial pela adoção de Inteligência Artificial, mas a sua difusão global revela profundas desigualdades estruturais. Relatórios recentes analisam a posição do país, os fatores que impulsionam o uso da tecnologia e a perceção dos trabalhadores portugueses.
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De acordo com o relatório “AI Diffusion Report” da Microsoft, Portugal ocupa a 20.ª posição na Europa e a 35.ª a nível mundial na taxa de adoção de Inteligência Artificial (IA), com 22,4% da população ativa a utilizar estas ferramentas no seu dia a dia. O ranking global é liderado pelos Emirados Árabes Unidos (59,4%) e Singapura (58,6%), contrastando com países como o Camboja, com apenas 4,6% de adoção. O estudo da Microsoft sublinha que a IA é a tecnologia de difusão mais rápida da história, com mais de mil milhões de utilizadores em menos de três anos, superando o ritmo de adoção da internet ou dos smartphones. Apesar da rápida expansão, a difusão da IA é desigual e está fortemente correlacionada com o Produto Interno Bruto (PIB) dos países, acentuando a clivagem entre o Norte e o Sul Global. A taxa de adoção no Norte Global é aproximadamente o dobro da verificada no Sul.

Esta disparidade é explicada pela ausência de “blocos fundamentais”: acesso a eletricidade fiável, proximidade de centros de dados, conectividade à internet, competências digitais e conteúdos em línguas locais. Cerca de metade da população mundial, quase quatro mil milhões de pessoas, não possui estes requisitos básicos. Barreiras como a falta de eletricidade (que afeta 85% da população mundial sem acesso à energia, concentrada na África Subsariana) e a centralização de infraestruturas de computação nos EUA e na China (86% do total) limitam a participação na economia digital. A inclusão linguística é outro fator crítico, pois a predominância do inglês nos dados de treino exclui milhões de pessoas.

Paralelamente, um estudo da Cegid revela uma forte abertura dos trabalhadores portugueses à IA.

Mais de metade (52%) sente “curiosidade” e 25% expressa “confiança” e “entusiasmo”.

Os portugueses estão entre os que mais acreditam que a IA mudará radicalmente o trabalho (50%), superando os inquiridos em França, Espanha e Alemanha. Entre os que já utilizam IA em Portugal, 56% identificam novas oportunidades e 49% notam melhorias na produtividade.

Contudo, há espaço para crescer, pois metade dos trabalhadores considera que as suas empresas poderiam acelerar a adoção.

Nas PMEs portuguesas, a taxa de utilização é de 62%, um valor inferior aos 83% registados em França, o que evidencia um potencial de crescimento significativo.

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