Combustíveis Renováveis: A Solução da Indústria Automóvel ou um 'Erro Terrível' para a Europa?



A Associação Europeia dos Fornecedores de Automóveis (CLEPA) e a Associação da Indústria Automóvel Alemã (VDA) solicitaram à União Europeia o "reconhecimento total dos combustíveis renováveis" na regulamentação das emissões de CO₂. A proposta defende a criação de um "fator de correção de carbono" para reduzir as emissões oficiais dos carros novos com base no volume de combustíveis renováveis utilizados na UE, e que os veículos movidos exclusivamente por estes combustíveis sejam classificados como de emissões zero. A Itália já tinha feito um pedido semelhante em 2023, solicitando a permissão do uso de biocombustíveis após o prazo de 2035. Em contrapartida, a organização não governamental Transport & Environment (T&E) considera a proposta um "desastre" e um "erro terrível", afirmando que "biocombustíveis em carros são uma estrada sem saída".
Num relatório, a T&E aponta a elevada dependência de importações, notando que 60% dos biocombustíveis e mais de 80% do óleo de cozinha usado para a sua produção são importados. A organização alerta ainda para os riscos de fraude, como a venda de biocombustíveis derivados de culturas agrícolas como se fossem de resíduos, e a sua baixa eficiência na redução de CO₂, que se situa entre 20% e 40%. A T&E sublinha também que a oferta sustentável de matérias-primas é limitada e já insuficiente para setores como a aviação e o transporte marítimo, que dependem desta solução para a sua descarbonização.
Segundo a organização, permitir que estes combustíveis sejam considerados neutros em carbono no setor automóvel poderia, na verdade, aumentar as emissões de CO₂ em até 23% até 2050.
Lucien Mathieu, diretor da T&E, descreve os combustíveis sintéticos como um "cavalo de Tróia" para abrir o mercado aos biocombustíveis. A organização recomenda que a UE rejeite a inclusão de biocombustíveis nas regras de CO₂ ou, caso aceite exceções após 2035, que estas sejam estritamente limitadas a uma pequena percentagem de vendas (até 5%) e apenas para veículos movidos a combustíveis sintéticos 100% neutros.












