
Preservar Peneda-Gerês é essencial para abastecimento de água às cidades



A preservação dos ecossistemas de montanha, em particular os do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), é crucial para a estratégia de proteção dos recursos hídricos e para garantir o abastecimento de água a centros urbanos. O alerta é de Joana Nogueira, investigadora da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), que sublinha a importância de se proteger a biodiversidade e as atividades tradicionais da região para aumentar a resiliência contra incêndios. Segundo a especialista, o decréscimo de atividades como a agricultura e o pastoreio no PNPG torna os ecossistemas mais vulneráveis aos incêndios.
Esta vulnerabilidade tem um impacto direto no abastecimento de água, não só na região, mas também em cidades como Braga e Viana do Castelo, que recebem água dos rios Cávado e Lima, respetivamente, cujas nascentes se encontram nestes sistemas montanhosos. A degradação do ecossistema pode afetar a qualidade e a quantidade da água, resultando em custos de tratamento mais elevados.
Esta ligação, no entanto, é ainda pouco compreendida pela sociedade em geral.
Os incêndios, como um que deflagrou na zona de Ponte da Barca no final de julho ou agosto, agravam a situação ao destruir a vegetação e as raízes que sustentam o solo. Com o solo exposto, a chuva e o vento provocam a sua erosão, diminuindo a capacidade de retenção de água.
Consequentemente, menos água se infiltra para alimentar os rios e as nascentes, comprometendo o abastecimento urbano e a qualidade da água potável.
Estudos demonstram que a redução da população nas montanhas e o abandono das práticas agrícolas e pastoris estão diretamente relacionados com o aumento do risco de incêndios. A presença humana e as suas atividades tradicionais são, por isso, fundamentais para manter uma paisagem equilibrada e com elevada biodiversidade, que assegura a conservação do solo e da vegetação, permitindo que a água se infiltre e continue a fluir.
O PNPG, que abrange uma área de cerca de 70.290 hectares nos distritos de Braga, Viana do Castelo e Vila Real, funciona como um sistema vital de captação de água, cujo serviço de regulação se tornará cada vez mais importante perante a crescente escassez de água.
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